Aos 85 anos, a voz de Cauby Peixoto calou-se definitivamente no fim da noite de domingo, por volta das 23h50, em São Paulo. O cantor estava internado desde segunda-feira no hospital Sancta Maggiore. Em março do ano passado, ele já havia sido hospitalizado por algumas semanas, mas a empresária Nancy Lara garantiu, à época, que eram apenas exames de rotina. Em abril deste ano, Cauby passou mal e cancelou um show no Espírito Santo. Diabético, hipertenso e com pontes de safena, ele enfrentava, nos últimos dias, uma pneumonia.
Nascido em Niterói (RJ), o cantor de voz inconfundível viveu os últimos momentos da vida em Higienópolis, bairro nobre paulistano. Apesar da saúde debilitada, continuava a fazer shows. Em 2012, esteve em Brasília para receber a medalha de Mérito Legislativo, na Câmara dos Deputados, em reconhecimento à valiosa contribuição à cultura. Na ocasião, Cauby se emocionou por ganhar a honraria ao lado da amiga Ângela Maria.
De uma família de artistas, começou a carreira na década de 1940. O reconhecimento chegou com a frequente participação em programas de calouros e ao cantar nas noites do Rio de Janeiro.
Em 1951, gravou o primeiro disco com sambas e marchas. No ano seguinte, mudou-se para São Paulo e ficou na cidade até que conheceu o empresário Di Veras. Fascinado pela capacidade do cantor de interpretar canções em inglês, ele o convidou para fazer parte do elenco da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro. A estreia na emissora teve pompa, bem aos moldes norte-americanos.
Sucesso
Em pouco tempo, Cauby se tornou ídolo da música brasileira com jeito único de cantar ; imitado por muitos, mas nunca alcançado ; e forma inusitada de se vestir. O divisor de águas da carreira foi a gravação de Blue gardênia, de B. Russel e L. Lee, música tema do filme hollywoodiano homônimo. Nos anos seguintes, ele se tornou o cantor mais popular do Brasil com sucessos como Nono mandamento, Ninguém é de ninguém e É tão sublime amor.
A repercussão estrondosa entre o público garantiu o título de ;Elvis Presley brasileiro;, dado pela revista Time. Convidado para uma excursão nos Estados Unidos em 1955, adotou o nome de Ron Coby, mas não alcançou o sucesso que esperava. Em 1959, voltou novamente aos EUA para uma turnê de 14 meses, em que fez espetáculos e gravou mais canções em inglês, como Maracangalha, de Dorival Caymmi.
Durante toda a década de 1960, fez apenas apresentações em boates e em clubes. Depois, reapareceu como vencedor do Festival de San Remo, na Itália, com a apresentação da música Zingara. Foi nesse período que voltou a fazer sucesso no Brasil ao se apresentar em programas de televisão e realizou temporadas de shows pelo país.
Em 1980, celebrou os 25 anos de carreira com o álbum Cauby, Cauby, composto por canções escritas especialmente para ele por nomes como Caetano Veloso, Tom Jobim, Chico Buarque, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Um dos grandes sucessos desse momento da carreira foi Bastidores (de Chico Buarque). Dois anos depois, fez o primeiro encontro gravado com Ângela Maria e participou de um dueto com a banda Tokyo, do cantor Supla.
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