Num idealizado processo de limpeza da política nacional, o desenhista Millôr Fernandes registrou um Congresso Nacional sobrevoado por urubus ; numa cassação (ou seria sacação?), alguém propõe que se comece ;pelos juízes;. Daí por diante, no recém-lançado livro Millôr: obra gráfica, segue-se um percurso de ;insubmissão; citado por Flávio Pinheiro, superintendente do Instituto Moreira Salles, entidade responsável pela guarda de desenhos, arquivos pessoais e impressos do multiartista morto em 2012.
;Ele pensava o Brasil, e que segue parecido. Ele era todo centrado em si, mas, que brasileiro! Que vigilante da espúria, da incompetência, da ladroagem! Isso faz uma falta!”, aponta Cássio Loredano, um dos organizadores de Millôr: obra gráfica. Celebrado como um ;poliedro indócil;, o homem que começou a ser publicado pelos Diários Associados (no qual esteve, pelo O Jornal; pela revista O Cruzeiro, com seção O Pif-Paf, e pelo Correio), teve como ensino a virtual universidade do bairro carioca do Méier. ;Durou 70 anos a carreira dele, que foi um dos grandes jornalistas nascidos no Brasil. Tudo o que ele fez cabe nessa definição. Ainda assim, há o Millôr do teatro e o tradutor. A obra gráfica dele transpira, 99%, jornal;, observa Loredano.
O conteúdo teatral do coautor de Liberdade, liberdade (ao lado de Flávio Rangel) teve como depositária a Associação Brasileira de Música e Artes, enquanto a produção literária restante coube à Agência Riff. O espesso traçado (denso também nas ideias) que, em momentos, ganha as virtudes de um Jackson Pollock, na visão do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP) Agnaldo Farias, fica ao alcance do mundo, por meio de livro e de exposições propostas pelo Instituto Moreira Salles.
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