Em 1986, o engenheiro mineiro/brasiliense José Salles Neto colocou um anúncio nos principais jornais do país, a participar da Confraria dos Bibliófilos do Brasil. Logo, apareceram os primeiros sócios: o número 1 foi o colecionador José Mindlin; o segundo, era o senador Marco Maciel, vice-presidente da República de um dos mandatos de Fernando Henrique. Era o início de uma aventura de editar livros artesanais de arte, com os textos dos mais importantes escritores brasileiros, ilustrados pelos maiores craques das artes gráficas no país.
A Confraria está celebrando 30 anos de existência e tem muito o que comemorar. Constituiu um acervo invejável que poderia ser exposto no Eixo Monumental: crônicas selecionadas de Rubem Braga, com desenhos de Millôr Fernandes; Vidas secas, de Graciliano Ramos, com gravuras de Glênio Bianchetti; A polaquinha, de Dalton Trevisan, com desenhos de Dariel Valença Lins; contos de Clarice Lispector, com gravuras de Marcelo Grassmann; A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, com ilustrações de Poty, poemas de Manuel Bandeira com gravuras de Renina Katz; contos de Mário de Andrade, ilustrados por Babinski; O cobrador, de Rubem Fonseca, com ilustrações de Rubem Gerchman; As histórias da velha Totônia, de José Lins do Rego, com serigrafias de Jô Oliveira: ;Pretendo fazer uma grande exposição no CCBB com o acervo da Confraria;, conta Salles.
Ao todo, até agora, a Confraria publicou 51 livros de arte, feitos em linotipia, encadernação manual, a duras penas. A Confraria ainda tem vagas para novos sócios. Salles é uma espécie de José Mindlin de Brasília, só que com maiores méritos, pois não tem as poderosas indústrias do paulista para bancar a aventura. Ele é, simultaneamente, o editor, o negociador de direitos autorais, o assessor de imprensa, o motorista e o office-boy da Confraria. Conseguiu tudo com a cara, a coragem e a paixão pelos livros. Entre os sócios da confraria figuram o autor de novelas Manuel Carlos, a atriz Fernanda Torres, o ator Paulo Bettio e a atriz Julia Lemmertz.
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