Em busca de aventuras turísticas, o então modelo francês Olivier Anquier aportou no Rio de Janeiro em 1979. Ele não imaginaria que a viagem de um mês se estenderia a ponto de desejar trocar a capital francesa pelo solo carioca. A carreira nas passarelas durou até a década de 1980, período em que, graças à profissão, Olivier conheceu lugares inusitados do globo. Verdadeiro apaixonado por viagens, ele hoje comanda o programa Diário do Olivier e o reality Cozinheiros em ação. Em entrevista ao Correio, o gastrônomo falou sobre viagens, o lançamento do novo livro Diário do Olivier ; As receitas da Bocaina, a participação na tevê e os desafios da culinária.
Viagens
Antes de sair de casa, deixe lá todas as ideias preconcebidas. Essa seria a primeira dica que daria aos apaixonados por gastronomia que vão colocar o pé na estrada. Quando a gente viaja, temos que estar abertos e dispostos a encarar a diferença. Temos que estar disponíveis a receber informações e consolidar nosso referencial. A última experiência que tive foi em um país o qual não tinha grande vontade de conhecer: a Índia. Para mim, não era o lugar ideal, mas como meu trabalho exige isso, deixei minhas ideias preconcebidas e fui. Hoje eu agradeço ao meu trabalho por receber essa oportunidade. Descobri um país com uma cultura maravilhosa e gastronomicamente rico. É impressionante a quantidade de ingredientes de origem indiana, a começar pela pimenta-do-reino: algo que utilizo muito. Com certeza foi uma experiência enriquecedora.
Reality
O programa Cozinheiros em ação coloca em foco brasileiros que têm diferentes relações com a culinária. São copeiros, empregadas domésticas, doceiras. Nesse reality, as escalas sociais formam diferenças interessantes. São pessoas que não fazem parte de uma categoria elitizada como os chefs. Isso é um diferencial do nosso programa em comparação a outros realities. Hoje em dia uma pessoa que tem apenas seis meses de curso se considera chef. Chef é um ofício. Eu não sou chef porque não estou administrando uma brigada de cozinha. Existem donas de casa que cozinham até melhor do que eu e, mesmo assim, não são chefs. Hoje, o desejo de saber cozinhar e ganhar reconhecimento está muito exagerado. Eu tento animar e preservar a identidade do programa. Posso parecer exigente, mas acho que sou ali como sou na vida. Um dos grandes desafios é destacar um cozinheiro, já que temos que fazer uma grande triagem entre milhares. A quarta temporada, que estreia em agosto, terá um formato completamente diferente.
Menu único
Fui o pioneiro a abrir um restaurante com esse conceito em São Paulo. Ele existe há muito tempo na Europa, especialmente na França e na Suíça, e fez um sucesso por aqui. Claro que já existiam restaurantes com menu único: as casas que servem galetos, no sul do Brasil, são um exemplo. No L;Entrecôte d;Olivier, escolhi um prato específico que remete à minha família, a um reconhecimento e a identificação dos brasileiros. Quem nunca comeu bife com batatas fritas? Parece fácil tocar um restaurante de menu único, mas não é. A emoção do comensal deve ser a mesma hoje e daqui a 10 anos. O interessante desse modelo de negócio é o não-desperdício, a geração de poucos resíduos se comparado a um estabelecimento convencional. Eu espero abrir esse conceito em Brasília em breve, mas o problema não é dinheiro. O desafio é encontrar o operador. Vi locais interessantes no Pontão, por exemplo, mas ter dinheiro é uma coisa, tocar o negócio é outro. Ainda não encontrei a pessoa ideal.
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