Diversão e Arte

Confira a entrevista com o crítico de cinema Rubens Ewald Filho

Ele fala sobre Marilyn Monroe e diz: "Ninguém consegue ser construído e perdurar tanto tempo"

Ricardo Daehn
postado em 01/06/2016 07:20
"Ela era única"
O crítico da fase de ouro do cinema hollywoodiano Rubens Ewald Filho é categórico em não perceber uma atitude de desbravadora quando o assunto é Marilyn Monroe. ;Ela é uma ponta de lança de uma revolução que começa pela década de 1950, e vai explodir 10 anos depois, com o verão do amor dos hippies, coisa que nem acabou;, diz, aos risos. Ewald lembra que Marilyn foi a primeira capa da revista Playboy, noutro marco. ;Ela assumiu a nudez do calendário e, pronto, foi adiante;, observa.

Na contramão do senso comum, o crítico de cinema não vê a atriz como uma imagem pré-fabricada. ;Ninguém consegue ser construído e perdurar tanto tempo. Nessa linha, vieram as imitadoras, que são tantas, de Mamie van Doren a Jayne Mansfield, a dezenas de outras que logo sumiram. A sensualidade única é marca de Monroe;, completa.


O que confere a certeza de atriz para Marilyn Monroe?
Atriz qualquer uma pode ser, e o mundo está coalhado de falsos talentos. Marilyn foi um fenômeno, porque durante toda a sua vida foi rejeitada pelos estúdios, por ter sido garota de programa com os diretores do estúdio, isso foi uma mancha da qual nunca conseguiu se livrar. Se não tivesse talento, não chegaria aonde chegou. A imprensa entretanto era contra e não entendia a luta dela para estudar, ser respeitada, casar com intelectual. Para complicar, trazia uma marca de criança, órfã, de mãe louca, que a rejeitava, morando em casas alheias onde foi abusada. Ou seja, sempre usada pelos homens, vide o caso dos irmãos Kennedy.

Existe interpretação de fato ou ela foi um produto, uma marca de sensualidade cunhada para o cinema?
Ela cantava bem e de maneira pessoal, tinha trejeitos com a boca de que aos poucos foi se livrando e teve vários momentos de bons trabalhos, quando o diretor ajudava. Quanto mais quente melhor, Os desajustados, O pecado mora ao lado, Nunca fui santa são interpretações de qualidade e ela nem sequer foi indicada ao Oscar. Foi sempre rejeitada e há a ironia: hoje ela é muito mais famosa do que no seu apogeu, passadas décadas.

Qual o lado menos visível do mito?
O oculto do mito está num livro de poemas dela, muito bonito e delicado: uma coisa bem legal. Eu fico espantado com o milagre de MM ; era assim que a imprensa a chamada como, aliás, depois a BB! A beleza dela não envelheceu, a cara dela é tão moderna quanto a de Audrey
Hepburn, e talvez até mais. Ela ganhou a eternidade.

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