São Paulo ; Depois de oito anos de intensa ligação com a cidade, o diretor de cinema paulista André Ristum vê chegar às telas umas das mais genuínas crias geradas em Brasília, cuja pré-produção demandou seis meses: o longa O outro lado do paraíso. ;Acho que o filme ajuda a compreender o país. É uma reflexão em cima do ;para onde estamos indo?;. A minha postura com relação à atualidade vem através dos meus filmes: vale mais me expressar no filme do que em discursos;, destaca o diretor de Meu país (2011), premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O outro lado do paraíso avança sobre o estabelecimento da ditadura brasileira nos anos de 1960, focalizando parte da infância do coprodutor e autor do livro em que a obra é baseada, Luiz Fernando Emediato. Desenvolvimento e crises numa família em transformação dão corpo à temática.
;O filme tem muito do meu pai, um sonhador. Ele era rústico, filho de um fazendeiro do oeste de Minas Gerais. Mas era muito sensível, mesmo bruto. Gostava de ler e vinha de família espírita, muito generosa e era brincalhão. O Du Moscovis (leia entrevista na página 3), que o interpreta no longa, fez um personagem mais delicado;, observa Emediato. Mesmo consultado, o autor diz que mal palpitou no filme, mas vê, na espinha dorsal da fita, algo bem lapidado: ;Foi preservado o sentido da vida: um espírito de busca de objetivos pessoais;. Emediato, vivido nas telas, em criança, por Davi Galdeano, conserva a inquietação do futuro literário fomentado em família. ;Eu era uma criança chata, porque eu só queria ler (risos). Preferia ler do que comer;, enfatiza.
Entrevista/ Luiz Fernando Emediato
Você acha que o filme, inspirado na sua obra O outro lado do paraíso, é um elemento pacificador para nosso atual momento?
Pacificador, não. Por mera coincidência e por atraso, calhou de o filme ser lançado no momento em que aconteceu, no Brasil, não um golpe militar, como houve em 1964, mas um golpe parlamentar, com o apoio de parte do Judiciário. Ou seja, houve uma ruptura institucional com um pretexto legal para ser feita a deposição de uma presidente eleita. Deveria ter esperado até 2018, independentemente de ela ser boa ou má presidente. Na minha opinião, ela era até uma boa gestora. O filme está estreando no momento em que você tem uma ruptura institucional, aí o longa te ajuda a refletir sobre o que está acontecendo agora, sendo ou não golpe ; não faz a menor diferença.
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