Diversão e Arte

Filme Uma loucura de mulher mostra a figura feminina no poder

A comédia dirigida por Marcus Ligocki é estrelada por Mariana Ximenes

Ricardo Daehn - Enviado especial
postado em 02/06/2016 07:20

Cena de Uma loucura de mulher: humor e questionamento social

A companhia feminina sempre fez bem aos ouvidos do diretor de cinema Marcus Ligocki Jr., nunca descrente das transformações em curso na sociedade, na qual, por momentos, vê a ;a mulher com posicionamento idêntico ao do homem;. O cineasta tem na cabeça a sinuca de bico contemporânea, em que ;jogos de poder e sedução; têm sido redescobertos. ;Tendo a ficar numa posição respeitosa, em relação a isso tudo: nunca gostaria de subjugar ninguém. Por exemplo, dizer: ;Esta é a minha mulher; é algo que me perturba;. Pela postura amena do diretor é possível entender o tom da comédia conduzida por ele, e estrelada por Mariana Ximenes, Uma loucura de mulher.

[SAIBAMAIS]Pelo carinho dedicado à protagonista, Ligocki, que é filho de uma militante feminista, quis ;ousar, e ir além do espaço confortável da comédia romântica; prezando leveza e bem-estar;, numa circunstância que não é ideal para a ex-bailarina Lúcia (Ximenes). As gerações que viram Luís Carlos Miele sedimentando a verve mulherenga entenderão de imediato o impasse criado na trama de Uma loucura de mulher. Gero (Bruno Garcia) é o político brasiliense de olho na possibilidade de ser governador ;, nisso, se envolve na politicagem administrada pelo senador Waldomiro (Miele), desrespeitoso, junto a Lúcia.

;Sinto os personagens bem brasileiros, pelas motivações. Por outro lado, houve uma forte busca minha, como diretor, por universalidade. Explorei a individuação ; aquilo de a pessoa buscar o seu espaço, e conquistar o que é seu no mundo. Desejei trazer isso para os personagens;, reforça Marcus Ligocki Jr.

Imantado de situações políticas, e de cenas em Brasília, o longa mexe com a percepção de Bruno Garcia, a cada pré-estreia. ;Tudo tem mudado tão drasticamente, a cada dia, que fica difícil de acompanhar. Há um ano, quando filmamos, não estávamos vivendo uma loucura de país! A cada semana, vemos o filme de ângulos diferentes;, diz. Curiosamente, Ligocki diz ter optado por desfecho incomum, advindo da ;liberdade empregada nos anos de 1930 e 1940;.

Bruno Garcia estende a análise. ;A figura da mulher no poder, na via pública ou na sociedade, me parecia tão bem encaminhada. De repente, se percebe a tendência de se colocar a mulher num lugar decorativo e que não condiz com a modernidade. Os papéis dos gêneros têm que ser novamente compreendidos;, diz, temendo retrocessos.

O repórter viajou a convite da Imagem Filmes e da Europa Filmes.

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