Para mostrar que as possibilidades de conexão entre cinema e teatro crescem cada vez mais, os alunos do departamento de artes cênicas da Universidade de Brasília criaram, como trabalho de conclusão de curso, o filme-espetáculo O ouro, o ladrão e sua família. É a primeira vez que o formato cinematográfico aparece em uma produção deste tipo na faculdade, sem deixar de lado, é claro, a linguagem teatral. O filme mudo, com trilha sonora executada pelos autores no palco, terá suas últimas edições da temporada, amanhã, no Museu da República.
Orientado pela professora e diretora de cinema Leo Sykes, a produção resgata a estética de filme mudo, com trilha sonora executada ao vivo pelos próprios atores, que aparecem em cena no palco e na telona. O filme é livremente inspirado na história real de Ronnie Biggs e utiliza o humor para reinventar as cenas. A escolha pelo formato se deu pela necessidade e pela vontade de inovação dos atores, que queriam fazer algo inédito na universidade. A ideia é que o filme-espetáculo seja levado para o Festival de cinema de Brasília, já que sua exibição, até então, foi apenas acadêmica, tratando-se ainda de uma obra inédita.
Leo Sykes conta que o processo de construção do espetáculo partiu de princípios teatrais e do trabalho de aulas de interpretação para câmeras, ponto que não é trabalhado no curso regular da faculdade. ;O roteiro foi criado coletivamente com os materiais trazidos pelos próprios atores. No lugar de utilizar esse material para a criação de uma peça, transformamos em roteiro para o filme;, conta a diretora.
O processo de ensaios, produção, gravação e montagem durou um ano, sendo que as cenas foram todas gravadas no set da faculdade de comunicação da UnB. Com os atores já preparados e ensaiados a partir do processo teatral, a imersão para as cenas gravadas foi mais fácil. ;Estou muito acostumada com esse trabalho de improviso de atores, então me senti à vontade. Nesse processo invertemos a ordem clássica de produção para o cinema: pegamos o trabalho trazido pelos atores, a partir disso criamos o roteiro, em seguida o story-board e, finalmente, fomos para o set de gravação, com tudo ensaiado e preparado;, afirma.
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