O jornalismo sempre inspirou bons roteiros de cinema. Os repórteres são personagens que pairam acima da rotina, enfrentam situações inusitadas, se envolvem em tramas de suspense e vivem circunstâncias dramáticas. Nem por isso vêm envolvidos em uma imagem glamourosa. Produções recentes como o Jogo do dinheiro, Special correspondent ou Spotlight discutem temas polêmicos e colocam em questão os limites.
Para o professor João Lanari Bo, que leciona cinema na Universidade de Brasília, o jornalista é um bom personagem por sua versatilidade, afinal de contas, a profissão é famosa pela imprevisibilidade das histórias com as quais se envolve. Em um dia, pode ser sobre uma bela história de superação; em outro, pode trazer para o noticiário alguma catástrofe natural com centenas de mortos, por exemplo. ;O jornalista se movimenta, ele vai atrás, apura, escreve, é dinâmico;, afirma o Lanari. Ele acredita que essa é uma das características que mais atrai produções. De fato, podemos ver os mais diferentes tipos de personagens retratados a partir da profissão. Desde um formato galã, como Eric Bana, em Special correspondents, até o trabalho sério e desgastante vivido por Liev Schreiber, em Spotlight.
O professor destaca que o jornalista está nas telonas há muito tempo. ;Os filmes sobre jornalismo não começaram agora. Temos grandes filmes da década de 1970 como Todos os homens do presidente, em um caso internacional, ou Terra em transe, em um caso de produção nacional;, destaca. Segundo ele, o jornalista tem uma empatia grande com o público.
;Todo mundo gosta, jornalismo tem uma esfera pública. As pessoas se identificam e se interessam;, afirma o professor.
Já no ponto de vista da produção, o mesmo dinamismo que deixa a história interessante, atrai os roteiristas, que tem, com aquele material, uma maior flexibilidade em sua produção. ;É um tema sempre interessante, ele está sempre atrás de uma matéria, de uma história, de um fato. Isso motiva do ponto de vista do roteiro. É sempre bom para o roteiro;, enfatiza o Lanari. Inclusive, o fato de o filme ter como pano de fundo uma redação, não restringe a liberdade do longa, podendo puxar para um suspense policial, para uma pegada mais investigativa ou para um panorama político. ;O filme jornalístico não necessariamente vem com tema;, afirma.
Muitas produções
O primeiro filme que trouxe às telonas o estilo cinematográfico foi o longa O poder da imprensa, de 1909. Ainda em preto e branco e sem som, a produção foi dirigida por Van Dyke Brooke e contava apenas com três atores creditados. A fita narra a história de um prefeito corrupto que tenta comprar o editor do jornal da pequena cidade onde eles moram. A partir dai, com a recusa do jornalista, o prefeito entra em uma campanha para destruir a reputação do editor.
Em 2002, Christa Berger listou em seu livro, Jornalismo no cinema, 785 filmes de jornalistas. Confira alguns títulos importantes citados.
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