Diversão e Arte

Rosa Passos lança o primeiro disco ao vivo, gravado no Uruguai

Depois de um período sabático, a cantora baiana-brasiliense voltou a gravar, fazer shows e sair pelo mundo em turnês

Irlam Rocha Lima
postado em 12/06/2016 07:30

Depois de um período sabático, a cantora baiana-brasiliense voltou a gravar, fazer shows e sair pelo mundo em turnês
Ao 35 anos de carreira, Rosa Passos alcançou invejável patamar na cena da música popular brasileira. Depois de um período sabático, ao qual se permitiu, voltou a gravar discos, fazer shows e sair pelo mundo em turnês. Hoje, ela retorna dos Estados Unidos, onde, durante cinco dias, cumpriu intensa programação.

No dia 5, fez show na Trumpets, em Nova Jersey; de 6 a 8 ocupou o palco do Blue Note, célebre templo do jazz norte-americano. Já na despedida daqueles país, no dia 9, esteve à frente de uma master class de canto e violão na conceituada Berklee College of Music, onde em 2008 foi honrada com o título de doutora honoris causa.

Em sua volta ao Brasil, de imediato Rosa vai se envolver com a divulgação do primeiro disco ao vivo, gravado em Carmelo (Uruguai), que acaba de sair pela Biscoito Fino, no qual interpreta criações de alguns dos seus compositores favoritos: Tom Jobim, João Donato, Johnny Alf e Djavan. E surpreende ao incluir no repertório um clássico de Roberto Carlos, a quem nunca havia interpretado.

O Ao vivo, com 11 faixas, é aberto por Olhos verdes (Vicente Paiva), registrado antes no É luxo só, álbum de 2011, com o qual Rosa homenageou Elizeth Cardoso. Tom é presença marcante com Você vai ver e Só danço samba (dele e de Vinicius de Moraes). Djavan, a quem cantora dedicou por inteiro o CD Samba dobrado (2013), comparece também com duas canções, Capim e A ilha. De Gilberto Gil ela canta a bela É preciso aprender a só ser; e de Caetano Velos recria Meu bem, meu mal.

Ganham releitura outros clássicos da MPB, da importância de Verbos de amor (João Donato e Abel Silva), Eu e a brisa (Johnny Alf), Quando o amor acontece (João Bosco e Abel Silva). Emoções é um caso à parte, pois pela primeira vez uma canção de Roberto e Erasmo Carlos é ouvida na voz da cantora baiana-brasiliense.

;Quando há dois anos fui me participar de festivais de jazz na Argentina e no Uruguai, em 2014, não tinha intenção de fazer registro das apresentações. Mas o Fico Acosta, engenheiro de som gravou os dois shows no Teatro Uama, em Carmelo (cidade próxima a Montevidéu) e me deu o áudio de presente;, conta Rosa. ;Achei a gravação tão limpa e tão natural, que depois de ouvi-la bastante, me veio a ideia do disco. Levei em consideração, também, o repertório, que considero bem interessante. Na escolha das músicas, me deixei levar pela intuição;, acrescenta.

Nesse show, Rosa tinha ao seu lado no palco o quarteto formado por Lula Galvão (violão), Celso de Almeida (bateria), Paulo Paulelli (contrabaixo acústico) e José Reinoso (piano), com quem tem perfeito entrosamento. ;Lula toca comigo desde o começo da minha carreira Paulelli e Celso há pelo menos 20 anos, enquanto o José Reinoso começou a me acompanhar nas turnês pela Europa em 1995;, revela.

Recentemente, Rosa participou do Festival Bourbon Street em São Paulo e em Parati, no litoral fluminense. ;Em Parati, cantei na praça principal para um público de 15 mi pessoas. Fiquei impressionada porque as pessoas conheciam todas as músicas que interpretei e fizeram coro comigo;, comemora. ;O meu agente está fechando agenda de shows no Brasil, a partir de julho. Já está acertada a minha participação num festival de jazz em Teresina, para o dia 7;, anuncia.

Foi com o LP Recriação, lançado em 1979 que Rosa, oficialmente, iniciou sua trajetória musical. De lá para cá, ela armazenou 18 títulos em sua discografia, incluindo o CD Ao vivo em Carmelo. Historicamente, Curare, de 1991, foi o primeiro CD gravado no Brasil. Em outros, ela homenageou Ary Barroso, Tom Jobim (na comemoração dos 40 anos da bossa nova ), Caymmi, João Gilberto ; em Amorosa ; Elizeth Cardoso e Djavan. Em seus trabalhos, tem contado com a participação de músicos consagrados como o francês Henri Salvador, o norte-americano Ron Carter, o cubano Paquito D;Rivera e o japonês Yo-Yo Ma.

Embora nunca tenha sido uma grande vendedora de discos, sempre foi elogiada pela critica e recebeu palavras elogiosas de colegas de ofício como João Gilberto (seu maior ídolo e referência), Caetano Veloso, Chico Buarque e Ivan Lins. O biógrafo Ruy Castro, certa vez, a chamou de ;João Gilberto de saias;. Mesmo transitando entre o samba, a bossa e o jazz, Rosa criou seu próprio estilo de cantar e hoje influencia outras intérpretes.

Depois de um período sabático, a cantora baiana-brasiliense voltou a gravar, fazer shows e sair pelo mundo em turnêsAo vivo em Carmelo

CD de Rosa Passos com 11 faixas. Lançamento da gravadora Biscoito Fino. Preço médio R$ 20.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação