Diversão e Arte

Nova temporada de Orange is the new black terá foco no sistema prisional

Outra novidade é a apresentação dos dois mundos: o interno e o de fora da prisão

Adriana Izel
postado em 16/06/2016 07:30

Outra novidade é a apresentação dos dois mundos: o interno e o de fora da prisão

Buenos Aires ; ;A prisão é como um personagem nesta temporada.; É assim que a atriz Selenis Leyva, a Gloria Mendonza de Orange is the new black, define o novo panorama da série, que terá os 13 episódios da quarta sequência disponibilizados a partir de amanhã na Netflix. A comédia dramática de Jenji Kohan surgiu como uma adaptação do best-seller da estadunidense Piper Kerman, Orange is the new black: My year in a women;s prison (Laranja é o novo preto: Meu ano em uma prisão feminina, em tradução livre), em que a autora relata seu período em um presídio feminino. A trama foi uma das primeiras empreitadas da plataforma digital e também um de seus primeiros sucessos, que hoje é carro-chefe ao lado de produções como House of cards.

[SAIBAMAIS]Se o primeiro ano da série foi uma introdução da história de Piper Chapman (Taylor Schilling), que é presa após se envolver com tráfico de drogas por conta da namorada Alex Vause (Laura Prepon), e nas duas demais temporadas, uma inserção da trama das outras personagens, agora, no quarto ano, o seriado terá como foco principal discutir o sistema prisional a qual essas mulheres estão inseridas, com a chegada de cem novas detentas causando uma superlotação em Litchfield. ;Vamos ver o sistema carcerário, mas vê-lo realmente. O que é, se o sistema é corrupto e como isso afeta as pessoas. Essa temporada está cheia de momentos em que você segura a respiração e fica assustada;, lembra Selenis.

Outra novidade é a apresentação dos dois mundos: o interno e o de fora da prisão. As personagens terão que lidar com o sistema, mas também com suas famílias ,que estão aguardando, mas com menos cenas de flashbacks e mais situações no momento atual.

A temporada acompanhará os acontecimentos da sequência anterior com uma dose sombria unida a um lado cômico, que já virou característica da produção. Chapman continuará querendo manter o comando da prisão, mas terá que lidar com os novos agentes, a chegada de novas prisioneiras, novas regras e, consequentemente, a crise com as antigas colegas de presídio. ;Eu ficava assustada sempre que lia o script. Teve uma cena que demoramos 22 horas para gravar. É até difícil reviver cada momento, mas foi necessário;, explica a intérprete de Gloria.

Sobre a dinâmica em torno das personagens, a atriz Dascha Polanco, que vive Dayanara Diaz, revelou que haverá relações completamente diferentes, resultado do que passou cada personagem nessas temporadas. ;No caso de Dayanara, são novas descobertas. Ela agora é mãe, está mais madura. É toda uma nova dinâmica;, adianta. ;Acho que o público verá mais vulnerabilidade. Se Dayanara se tornou mais madura, toda a situação em torno de Aleida a fez ter menos certezas;, rebate a atriz Elizabeth Rodriguez, que interpreta Aleida Diaz, sobre a perspectiva de sua personagem.

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Novos debates

A discussão em torno do sistema prisional é mais um acréscimo entre os assuntos tabus abordados por Orange is the new black. Para Selenis, é importante que o seriado dê voz a uma situação que acaba sendo esquecida. ;Costumamos tentar esquecer sobre essas pessoas (presas) porque há um estigma. A realidade é que a série mostra que há mulheres que fizeram coisas horríveis e outras que estiveram lá por um erro pequeno. É importante mostrar que há muito mais no nosso sistema, principalmente, nos Estados Unidos, onde há um problema em reabilitar essas pessoas;, completa a atriz.

Por conta da temática, boa parte do elenco se envolveu em ações relacionadas às mulheres aprisionadas. Selenis Leyva e Jackie Cruz,; essa última dá vida a personagem Marisol ;Flaca; Gonzales; contaram que, com ajuda de Piper, elas começaram a colaborar com a organização Women;s Prison Association. ;Participamos de uma campanha chamada Segunda chance, em que ouvimos as histórias delas e dividimos as nossas. O que Jenji fez em Orange is the new black foi me fazer olhar essas pessoas de uma forma diferente;, conta Jackie Cruz.

Antes, OITNB, como é conhecida a série entre os fãs da internet, já havia dado luz a questões como aborto, transexualidade, bissexualidade e homossexualidade. ;Acho que não estamos só lidando com diferentes tipos de mulheres, mas estamos expondo coisas que o mainstream da televisão não costumava mostrar. Acho que abrimos portas para várias conversas no mundo;, analisa Selenis Leyva.

Três perguntas // Jackie Cruz e Selenis Leyva

Apesar de a série ser inspirada na história da Piper, é difícil vê-la como a única protagonista. Como é ter várias personagens fortes dentro de uma mesma série?
Jackie Cruz:
Isso é o que torna a série é ótima. Não é só sobre uma pessoa. Comecei com duas falas e achei que estaria em apenas um episódio. Então, eles pediram para eu voltar. São personagens interessantes, para se apaixonar.

O seriado ficou marcado por discutir temas relacionados as causas LGTB. Qual é a importância desse papel da trama?
Selenis Leyva:
Estamos lidando com temas que eram tabus, como ter uma personagem transexual com tanta força. Empatia é o mais importante. Eu e Laverne (Cox) conversamos muito, pois tenho uma irmã transgênero. Para mim é muito importante que minha irmã tenha uma voz, uma representação e isso tem sido feito de um jeito lindo. É preciso mostrar essa honestidade e iniciar essas conversas, estamos educando as pessoas sobre o que é ser uma lésbica, uma bissexual, uma transgênero... Tem coisas nessa série que estamos começando a criar conversas em todo o mundo e estamos muito orgulhosas de fazermos parte disso.

Qual é a importância de representar uma personagem latina em Orange is the new black?
Jackie Cruz:
Eu sou uma latina na América do Norte, então finalmente estou me vendo na televisão e pessoas como eu. Acho que isso torna a série em algo muito popular. As pessoas estão se vendo na televisão e podem se relacionar com a gente.

Selenis Leyva: É uma história que não é feita para latinos, mas para o mundo todo. Esses personagens são muito humanos. Ter um elenco latino grande é muito importante, principalmente, pelo sucesso da série. Espero que Hollywood preste atenção e continue abrindo as portas, porque nós podemos fazer dinheiro (risos).

A repórter viajou a convite da Netflix.

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