Nahima Maciel
postado em 21/06/2016 07:31
Autorizadas ou não, biografias de música raramente conseguem cobrir todo o espectro do biografado. As vidas excêntricas de celebridades do rock são uma tentação e costumam faturar boas cifras para as editoras quando exploradas em livros. Detalhes de estúdio que destrincham processos de gravação e composição nem sempre são atraentes para os leitores comuns ou não aficionados pelo personagem. Equilibrar tudo é uma arte que a escritora e jornalista inglesa Sylvie Simmons consegue muito bem em I;m your man, biografia de Leonard Cohen publicada em 2012 na Inglaterra e que apenas agora chega ao Brasil. Simmons é especializada em música e escreve para veículos como The Guardian, MOJO, Rolling Stones e Sounds.
Já não se pode dizer o mesmo de Bowie ; A biografia, da também inglesa Wendy Leigh. Com passagens pelo Daily Mail e Telegraph, a autora morta na semana passada, era conhecida pelas biografias de celebridades. Com livros sobre Prince e Madonna, Leigh privilegia mais a vida privada de Bowie do que sua ascensão artística. Tudo bem que a vida sexual do camaleão era bem agitada e diversificada, mas as ideias por trás de músicas como Starman, Space oddity e Life on Mars? devem ser tão interessantes quanto o que acontecia na cama do astro.
Já Le freak passa longe da apuração minuciosa de I;m your man e da frivolidade de Bowie ; A biografia, mas é uma autobiografia e só aí já tem um valor significativo. No livro, Nile Rodgers, compositor, guitarrista e produtor de dezenas de hits, conta a própria trajetória pelos guetos, estúdios, boates e inferninhos de Nova York que alimentaram a indústria da música americana nos anos 1970 e 1980. Um dos fundadores do grupo e autor de músicas como Everybody dance e Le freak, Rodgers viveu o glamour e a decadência da disco music antes de se tornar o produtor de artistas como Madonna, David Bowie, Prince, Diana Ross e Mick Jagger.
É na infância conturbada pelas ruas do sul de Manhattan, onde a mãe e o padrasto se drogavam ao lado de artistas, músicos e escritores, que ele começa a narrativa. O menino de 8 anos circulava entre uma legião de adultos drogados, mas também protagonistas da vida cultural novaiorquina das décadas de 1950 e 1960. A mãe tinha uma ligação especial com música e literatura e foi assim que o pequeno Rodgers, décadas antes de se tornar ele também viciado em heroína, deu os primeiros passos no mundo da cultura de Nova York. Rodgers foi obcecado por música desde a infância. O Chic vendeu mais de 20 milhões de discos. Quando acabou a música disco e o produtor foi trabalhar na Motown em um projeto que traria de volta às paradas a voz de Diana Ross.
Livros
I;m your man ; A vida de Leonard Cohen
De Sylvie Simmons. Tradução: Patrícia Azeredo. Best Seller, 504 páginas. R$ 79,90
Bowie ; A biografia
De Wendy Leigh. Tradução: Joana Faro. Best Seller, 322 páginas. R$ 49,90
Le freak ; Autobiografia do maior hitmaker da música pop
De Nile Rodgers. Tradução: Cristiano Botafogo. Zahar, 328 páginas. R$ 54,90
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