O músico paulista Rodrigo Pitta se tornou conhecido ao lançar a música Será?, gravada com Ana Carolina e Elza Soares. Agora, o artista lança o segundo disco da carreira, o CD PQP - Porque pop ou Patria que o pariu!, em que busca registrar o momento político e social do Brasil. "Com o crescimento das manifestações, viam-se pessoas racistas, fascistas, homofóbicas...", descreve.
O caráter documental do trabalho promete ser uma sacada para diferenciá-lo de outras produções atuais. "As frases que estão na minha música Passeata não são frases que eu inventei, são expressões que eu ouvi das pessoas (nas ruas)", revela o músico.
Para pintar o cenário brasileiro, Pitta revisitou os clássicos, como fez com A cabeleira do Zezé, que o inspirou na composição de Será?!. Dessa vez, suas inspirações foram Caminhando contra o vento, marco das manifestações de 1960, e a obra de Bezerra da Silva, É ladrão que não acaba mais. "Queria suscitar esse assunto, aproveitar esse momento de ebulição para fazer um disco que as pessoas possam discutir", explica.
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A política e os anos da ditadura têm forte influência nas produções de Pitta. "É um pedaço da história do Brasil que se mistura com a música, que foi cantado e representado pelos tropicalistas, pela Jovem Guarda e por outros movimentos importantes", afirma. Além dos trabalhos no mundo da música, o artista também escreveu peças teatrais, como o espetáculo Pátria amada, encenado em Curitiba, em que retrata a luta entre a esquerda e a direita política.
[SAIBAMAIS]Para Pitta, há um enorme contraste entre os caras-pintadas dos anos 1960 e os manifestantes de agora. "As pessoas eram mais engajadas, eram outros brasileiros", lamenta. O comportamento dos manifestantes dessa geração foi o que despertou a veia satírica de Pitta, que se manifesta em PQP. "Vai muita gente para a rua com todo tipo de sentimento, tudo misturado. Eu ouvia tanta besteira que ficava com vergonha! (risos)", confessa.
O polêmico músico diz que sente falta de mais trabalhos falando do momento que vive o país. Se PQP pudesse ser descrito por seu criador, seria como "tragicômico". "Bonito, não sei, mas divertido, com certeza"