Diversão e Arte

Ao Correio, Baby do Brasil fala sobre carreira e Novos Baianos

De acordo com a cantora, a turnê ao lado do antigo grupo ainda está sendo gerada, por isso, ainda não é possível precisar a quantidade de shows

Adriana Izel
postado em 26/06/2016 07:30
De acordo com a cantora, a turnê ao lado do antigo grupo ainda está sendo gerada, por isso, ainda não é possível precisar a quantidade de shows
Rio de Janeiro ;
De nascimento, o nome é Bernadete Dinorah. Entre os familiares, Baibynha. No mundo artístico, pode ser Baby Consuelo, como ficou conhecida no grupo Novos Baianos, ou, simplesmente, Baby do Brasil, como assina agora. Não importa a alcunha, Baby é vista como uma das artistas mais importantes para a música brasileira. E, agora, ela voltou com tudo.

No ano passado, lançou o disco Baby sucessos ; A menina ainda dança, em que reuniu os principais hits da carreira. O material rendeu uma série de shows, que rodou o país relembrando faixas como A menina dança, Minha oração, Menino do Rio e Planeta vênus. No mesmo ano, participou do Rock in Rio em um show ao lado do ex-marido Pepeu Gomes. Em 2016, está no projeto Se ligaê, uma música comemorativa aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em parceria com Sérgio Mendes e Rogério Flausino, além do retorno dos Novos Baianos com uma turnê especial, que teve início com uma apresentação na Concha Acústica, em Salvador, durante o festival Eu sou a Concha, que marcou a reinauguração do espaço após uma revitalização.

;Na minha vida, as coisas acontecem em um minuto. Voltei com a minha carreira com o Baby sucessos, convidei Pepeu para meu show no Rock in Rio. Agora tem esse projeto maravilhoso (a música Se ligaê) e, no meio disso tudo, estou aqui começando a sonhar com um CD novo;, diz. Baby conta que já fez oito letras para o material, enquanto se prepara para a turnê Acabou chorare ; Novos baianos se encontram, ao lado de Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira, Luiz Galvão e Pepeu Gomes, todos da formação original do grupo. ;O grande barato é conciliar todas as agendas, mas quem conciliou seis filhos com uma carreira não tem problema algum. Até porque sou muito hippie, apesar de chique. (risos) Brinco dizendo isso porque eu topo qualquer coisa. Para mim, não há problema. Ainda mais que meus filhos estão grandes, estou adolescente de novo;, completa.

Uma dos momentos mais esperados desse retorno de Baby é exatamente a reunião dos Novos Baianos. De acordo com ela, a turnê ainda está sendo gerada, por isso, ela ainda não sabe precisar a quantidade de shows. A única certeza é de que passará por Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. ;Será ainda este ano. Não vamos conseguir segurar o povo para o ano que vem. Estamos correndo a mil. Está acontecendo muita coisa;, diz. Ao Correio, Baby do Brasil relembra algumas histórias da época dos Novos Baianos e conta os planos atuais e futuros da carreira.

Como você lida com esta pressão das pessoas por um retorno dos Novos Baianos e da sua carreira?
Estou acostumadíssima. Eu gosto de pressão e trabalho muito bem sob pressão. Na minha vida, as coisas acontecem em um minuto. Voltei com a minha carreira com o Baby sucessos, convidei Pepeu (Gomes, ex-marido e companheiro de Novos Baianos) para meu show no Rock in Rio. Agora, tem esse projeto maravilhoso (a música Se ligaê) e, no meio disso tudo, estou aqui começando a sonhar com um CD novo. Já fiz oito letras e estou pensando nos vídeos. E ainda aconteceu o convite da Concha Acústica.

Depois do show da formação completa dos Novos Baianos na Concha Acústica, houve uma pressão para um retorno.Haverá uma turnê?
A questão dos Novos Baianos traz a minha história inteira. As crianças amam os Novos Baianos, tem todo um novo público que abraçou o grupo. Os pais querem inserir na formação musical dos filhos, por ter essa brasilidade e essa modernidade. Essa história é um retorno de um tempo que vivemos no Brasil que era muito difícil. Cansei de ir à polícia com o disco no braço para tirar gente da prisão, porque eles achavam as letras cabeludas. Tivemos muitas lutas lindas e que tiveram um retorno maravilhoso e tem até hoje. Acabou chorare, de 1972, foi considerado o CD mais conceituado e o melhor de todos os tempos por 100 críticos ouvidos pela revista Rolling Stone Brasil. O show Acabou chorare ; Novos Baianos se encontram, que estamos preparando, está difícil de conter. Veio todo mundo para cima, todo mundo quer ver o show. Estamos com muito carinho com esse projeto, até porque cada um de nós tem sua carreira solo. Demos uma freadinha de leve nas carreiras, mas sem frear por inteiro (para seguir com o projeto).

Você está com a turnê do Baby sucessos, com a série de shows dos Novos Baianos, o projeto da música Se ligaê. Como tem sido conciliar tudo isso?
O grande barato é conciliar as agendas, mas quem conciliou seis filhos com uma carreira não tem problema algum. Até porque sou muito hippie, apesar de chique. (risos) Brinco dizendo isso, porque eu topo qualquer coisa. Para mim, não há problema. Ainda mais que meus filhos estão grandes, estou adolescente de novo. As pessoas não têm noção das coisas que eu topo. Eu amo subir montes, amo fazer minha casa de cabana. Sou aquela pessoa que se me convidam para ir a Nova York, por exemplo, eu vou e penso: ;cadê a roupa? quer saber, compro lá;. Tenho esse espírito hippie. Agora meus filhos é que têm que me pegar no colo. Sou avó de uma menina de 25 anos, que me chama de Baibynha porque não consegue me chamar de avó. Acho que sou a avó do apocalipse, do terceiro milênio. (risos)

Quais são os seus futuros planos?
A minha situação hoje é muito interessante. Comecei a virada do ano percebendo que o Baby sucessos teve uma trajetória que se prolongou demais, porque ninguém quer que acabe (a turnê). Estou tentando fingir, ver se vamos para outro show, mas o povo quer de novo. Porque tem músicas que tocaram muito e tem essa coisa da memória. Tinha música que eu não podia imaginar que a galera cantaria. Tem hora que eu penso que preciso chorar. É delicioso. Isso me contagiou muito e o projeto se estendeu. Foi sucesso de bilheteria em todo o lugar. Paralelamente, comecei a compor para um novo projeto.

O que pretende mostrar com o disco novo?
Comecei a ficar apaixonada por esse disco novo e como ele seria, porque o Baby sucessos não trouxe todos os hits e poderia ter um segundo, mas acho que esse não é um momento para uma continuidade. Quero mostrar como eu penso hoje, qual é a minha onda, quem são os meus parceiros. Acho que é um momento de compartilhar. Comecei pensando em lançar agora, mas aconteceram muitas coisas, então pensei que era melhor segurar. Uma coisa não pode atrapalhar a outra. Mas já convidei Sérgio Mendes e Rogério Flausino para o trabalho. Também tenho um CD gospel pronto produzido pelo Tom Brooks (produtor de música gospel norte-americana) gravado em Los Angeles.

Você já sabe quando lançará esse disco gospel?
Estou esperando um momento propício para que todo mundo possa conhecer o gospel da Baby e ter em casa, com aqueles corais americanos. É um CD lindo. Estou vendo o momento em que ele pode entrar sem criar uma áurea de religiosidade, porque não é isso. Quando eu entro para o lado gospel, não é para faturar, ganhar dinheiro, é missão. Embora seja o maior público, o que mais vende CDs, eu não tenho condição no meu caráter de fazer gospel pensando em mercado. Então, tenho esse trabalho guardado para entender o momento que devo lançar.

Como surgiu o convite para gravar a música Se ligaê com Sérgio Mendes e Rogério Flausino?
É incrível como as coisas têm força quando elas precisam acontecer. Existe algo por trás de tudo isso, que é esta conexão que nem nós tínhamos na nossa vida. Porque realmente são três pessoas que têm tudo a ver com este momento brasileiro, com suas escolhas lá atrás. Por exemplo, o Sérgio (Mendes) como um músico, um intérprete, um artista dos mais famosos do mundo. Ele saiu de Niterói com seu piano. Ele acreditou nele mesmo, acreditou numa mudança, fez uma virada. Ele foi lá, agarrou seu sonho e agiu. Rogerinho (Flausino) saiu de Alfenas, no interior de Minas (Gerais). Foi lá, acreditou, teve aquela coragem, aquela ousadia. Ficou, permaneceu e hoje é conhecido no Brasil inteiro, tem fã no mundo todo. Eu saí de Niterói, acreditei, fui bater na Bahia. Meu avô era casado com uma baiana, mas o que aconteceu foi incrível. Na minha vida aconteceram coisas inacreditáveis, acabei sendo Novos Baianos, que é sem ;h; porque eu sou da Baía de Guanabara, do outro lado da Bahia, por isso Novos Baianos não tem ;h;. Eu entrei no meio e tinha que fazer o Bahia sem ;h;. É muita honra. Enfim, todos nós temos uma característica idêntica nessa área: temos coragem, ousadia e a gente acredita nessa garra de quando você tem um foco você vai buscá-lo. Isso que nos uniu e por isso que é perfeito. Onde está a linha que nos une? É exatamente isso que a gente está trazendo, pois acreditamos na letra. Compramos porque curtimos o projeto Se ligaê.

Se ligaê é uma música comemorativa aos Jogos Olímpicos...
É tão lindo você ver um jovem que começou incentivado pelo esporte, como você vê crianças sendo incentivadas com a música. A gente sabe que está lidando com algo de excelência. O esporte é sensacional, tem recuperado pessoas. É lindo! (o músico quando começa) .Tem que superar suas marcas. E eu me sinto um pouco atleta. Eu já joguei, já fui ponta direita lá nos Novos Baianos. Joguei várias vezes, fiz alguns gols. Gol de coxa... Eu queria muito ser ;a jogadora;. Aí, eu engravidei da minha primeira filha e pensei: ;Não vamos esculhambar tanto;. Teve um jogo que foi sensacional, eu estava na primeira semana de gravidez e o Gilberto Gil era o goleiro. E eu fiz o gol. Peguei aquela bola com areia da praia e dei um nó em todo mundo.
A repórter viajou a convite da Musickeria

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação