Diversão e Arte

Músicos de Brasília quebram paradigmas com sonoridade experimental

Artistas apostam na mistura de ritmos espaciais com percussão e na criação de sons produzidos a partir de programas de computador

postado em 28/06/2016 07:30
Artistas apostam na mistura de ritmos espaciais com percussão e na criação de sons produzidos a partir de programas de computador
A sonoridade experimental tem ganhado força e visibilidade no universo da música desde os anos de 1980, por meio de grandes ícones, como Beach Boys, Grateful Dead, Silver Apples, The Charlatans, The Doors, Jefferson Airplane, 13th Floor Elevators, Pink Floyd, Hawkwind e Frank Zappa. Em Brasília, não é muito diferente, grupos e artistas alocados na cidade apostam cada vez mais no segmento em ascensão, como é o caso do trio de artistas intitulado Pollares, formado por Walter Mourão (vocalista), Pedro Senna (baterista) e Ugo Fonseca (guitarrista). A banda traz experimentos com sonoridade baseadas nos conceitos da astronomia e da astrofísica ; paixões dos músicos.

Bety Vinil toca mais de 12 instrumentos de percussão e acredita na fusão do rock com instrumentos orientaisO grupo que trabalha com o estilo space rock tem também grande influência de Muse, Twenty One Pilots, Thirty Seconds To Mars e The Killers, e está no processo de produção do terceiro disco. O vocalista Walter Mourão denomina o próprio som como algo insólito, já que toda a temática é espacial. ;Nossa linguagem simplifica sons espaciais dentro do campo harmônio e dissonâncias das nossas composições;, diz. Além disso, Mourão afirma que os experimentos de sonoridade não impedem a integração da aparência romântica e suave das composições autorais.

Outra artista que adota o conceito experimental é a percussionista Bety Vinil, que realiza a junção do estilo oriental com elementos do rock e sonoridade celta por meio do Cajon (órgão peruano de percussão) e do Derbake (um dos principais instrumentos da música árabe). A servidora pública, que há oito anos integra as bandas Celtic Soul e Kervansarai, aposta na fusão de estilos populares na concepção experimental. Bety, que idealizou em 2014 a primeira derbakeada do Brasil, conta que se sente privilegiada com o título de percussionista feminina pioneira de cajon no País. ;A cajoneada é um verdadeiro despertar para a percussão, pois todos nós temos um percussionista adormecido dentro da gente. Quem nunca batucou numa mesa tentando acompanhar uma música?;, conta.


Sons aleatórios


Seguindo essa linha, a Orquestra de Laptops de Brasília (BSBLOrk), coletivo de artistas criado em 2012 por músicos digitais envolvidos com elementos eletroacústicos?? e programação de softwares, pioneira na capital federal e primeira na América Latina, traz uma sonoridade peculiar com a emissão de sons aleatórios a partir de notebooks. O grupo formado pelos artistas Eufrasio Prates, Alex Duarte, Eduardo Kolody, Elias Filho, Kiko Barretto, Philip Jones, Ramiro Galas, Rayssa Coimbra, Ricardo Borgmann, Victorugo do Caos, expõe para o público efeitos capazes de proporcionar uma experiência única por meio de sons orgânicos espalhados pelo ar.

A sonoridade, que foge completamente do que é considerado harmônico, apresenta timbres aleatórios sem a presença de instrumentos acústicos. Além disso, são os movimentos das mãos dos artistas em frente à webcam externa conectada aos laptops que geram boa parte dos sons produzidos no concerto.

De acordo com o idealizador do projeto, Eufrasio Prates, a experiência ainda causa certa inquietação e curiosidade naqueles que escutam os ruídos espaciais pela primeira vez e desconhecem o conceito experimental. ;Já que muitas barreiras na área da arte foram quebradas, nosso intuito é integrar o grupo de músicos, dança e teatro contemporâneo no mesmo segmento, pois atualmente essas linguagens se comunicam fortemente;, diz. Ainda segundo o músico, a experiência visa, de certa forma, provocar a reflexão nas pessoas quanto à ideia de transformação no mundo.

Banda Pollares

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BSBLOrk

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Bety Vinil

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