Diversão e Arte

Febre dos anos 1990, pagode passa por transformações

Confira os mais recentes trabalhos dos músicos do gênero

Adriana Izel
postado em 30/06/2016 07:00

Thiaguinho aproveitou o projeto Tardezinha para gravar novo disco, com inéditas e regravações

Nos anos 1990, o pagode viveu seu auge na música brasileira. Desde então, o estilo musical passou por mudanças. Nesse momento, o grande destaque do ritmo é a chegada de novos artistas em carreira solo e também sob comando de grupos tradicionais do gênero.

Atualmente, o maior nome do novo pagode é o cantor Thiaguinho, que se tornou famoso por atuar à frente do Exaltasamba durante oito anos ao lado de Péricles. Em carreira solo desde 2012, quando lançou o disco Ousadia & alegria, o músico é referência no estilo musical, arrastando multidões e se tornando popular a ponto de participar de programas, como o reality show Superstar (que foi jurado em uma temporada) e Música boa ao vivo (que apresentou durante duas temporadas). ;Eu me sinto livre no palco. É onde me solto, faço tudo com muito amor. É o principal momento da minha vida. Esta troca de energia com o público é sensacional;, conta.

Depois de um tempo se dedicando mais aos projetos televisivos, Thiaguinho está de volta ao mundo da música com o show Tardezinha, que gerou o CD e DVD #Vamoqvamo ao vivo gravado em uma praia do Rio de Janeiro em um formato mais intimista. ;Tive a ideia de criar um show para aproveitar o domingo que eu ficava no Rio de Janeiro (por conta do Superstar). É uma apresentação no estilo roda de samba, mais informal e ao ar livre. Eu me apaixonei pelo formato e tem sido uma alegria enorme poder levá-lo para outros lugares;, explica ao lembrar que Brasília já recebeu o show.

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O DVD intercala hits da carreira de Thiaguinho, como Hey, mundo, inéditas a exemplo que Vamo que vamo, e também regravações de clássicos do pagode dos anos 1990, como Marrom bombom. Ao todo, o material possui cinco convidados: Maria Rita (Desliga você), Péricles (Vê se me escuta), Lucas Lucco (Palmas), Toni Garrido (Asas) e Belo (Pra gente ficar legal). ;São todos parceiros de longa data e cantores com quem eu queria muito gravar pela primeira vez. Péricles e Belo são referências muito fortes quando penso em vozes que me influenciaram, além de serem grandes amigos que tenho. O Toni Garrido apresentou o programa Fama e desde lá sempre foi muito atencioso comigo;, lembra.

O Exaltasamba, que projetou Thiaguinho, pode ter o mesmo resultado para três cantores da nova geração: Romero Ribeiro (ex-The voice Brasil), Nego Branco e Jeffinho. Desde março deste ano, eles se uniram a Thell e Bilhantina, únicos músicos da formação anterior, para retomar a banda no ano em que o grupo comemora 30 anos de existência. ;Estamos levando uma cara nova para o Exaltasamba, mesclando o repertório antigo com algumas novidades e nossas características como artistas;, explica Nego Branco. O grupo lançou neste ano o EP O mundo tá girando, com cinco faixas, sendo quatro inéditas Pé na porta, Eu me rendo, O mundo tá girando e Vidro fumê. ;Vamos gravar um novo CD com 15 faixas. Estamos selecionado as canções, pois não terá nenhuma regravação. Serão apenas inéditas;, adianta o vocalista.

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Música pop

Considerado uma das revelações do pagode, o cantor Dilsinho apresenta o segundo trabalho da carreira, o disco O cara certo. O álbum teve dois anos de concepção desde o lançamento do CD de estreia. ;Tive esse tempo para idealizar o que seria esse novo projeto. Tive muitas experiências bacanas, visitei vários estados do Brasil e me tornei conhecido do público. Nesse disco, tive liberdade, tempo e pude acompanhar, ser mais ativo nas escolhas;, explica o cantor.

Confira os mais recentes trabalhos dos músicos do gênero
São 15 músicas, dessas, oito são de autorias de Dilsinho e mostram novas referências na carreira do cantor, que incorporou instrumentos característicos de outros estilos como a música pop. ;Eu amadureci como cantor e como compositor;, completa Dilsinho. Com produção de Bruno Cardoso, o disco conta com participação especial do Sorriso Maroto (O cara certo), Turma do Pagode (Garota de família) e Micael Borges (Faça a sua aposta). ;Acho que o pagode e o samba tiveram um momento de renovação. Tem uma galera nova chegando. Estou aqui para levantar essa bandeira;, afirma.

Leandro Lehart, que era vocalista do grupo Art Popular, está entre os artistas do pagode que experimenta uma mistura com outros estilos musicais brasileiros. Em Sambadélik ; Ao vivo, novo trabalho do artista que levou cinco anos em processo de concepção, ele traz uma referência do pop, do r e da música eletrônica. ;É uma sonoridade nova, sem deixar o samba de lado e o jeito brasileiro de ver a música. É o samba com um frescor;, define Lehart.

Para ele, esse mix de gêneros é uma tendência natural na música hoje. ;O samba é a espinha dorsal da música brasileira. Ele é responsável por traduzir e vender o Brasil tanto para dentro como para fora. Mas a gente precisa agregar novos sons e elementos da música contemporânea e de diferentes lugares do Brasil, que é o que o rap e o funk fizeram. Esse disco faz essa ponte;, diz.

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Ao mesmo tempo que o cantor acha que o pagode teve uma mudança, ele acredita que o estilo ainda mantém muitas características dos anos 1990. ;Acho que não tem muita diferença. Mudou o papo, a poesia das músicas, as palavras mudam... Mas o jeito de colocar a ideia é parecido. O que realmente muda é a internet, que democratizou a música;, analisa.

Novidades
#Vamoqvamo ao vivo
De Thiaguinho. Som Livre, 16 faixas (CD) e 23 (DVD). Preço médio: R$ 30.

O cara certo
De Dilsinho. Sony Music, 15 faixas. Preço médio: R$ 24,90.

Sambadélik ao vivo
De Leandro Lehart. Independente, 16 faixas. Preço médio: R$ 29,99.

O mundo tá girando
De Exaltasamba. Canal 3 Distribuidora, 5 faixas. Disponível em plataformas digitais.

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