Diversão e Arte

Guizado se apresenta em Brasília com novo trabalho "O Voo do Dragão"

Músico paulistano lança na capital seu novo disco e a banda nova

postado em 03/07/2016 10:53

Amadurecimento trouxe novas sonoridades ao trabalho de Guizado

Com um som instrumental diferenciado, cheio de misturas e referências, o trompetista paulistano Guilherme Guizado pousa em Brasília com O voo do dragão, terceiro CD de sua banda. Desde 2008, o músico tem conciliado um trabalho solo com a banda Guizado e a participação em bandas de outros artistas, como a cantora pernambucana Karina Buhr. O novo álbum, que será apresentado pela primeira vez em Brasília, tem referências na cultura oriental e vem com uma formação completamente nova na banda.


A crítica está considerando O voo do dragão como melhor disco de sua carreira. Tem algum elemento musical novo nesse álbum, algo que o diferencia dos outros?


Acho que tem um processo de amadurecimento que vem se desenvolvendo desde o primeiro disco. Esse amadurecimento, somado ao estudo de novas melodias, trouxe resultados tanto técnicos quanto em harmonia. Também tô sempre pesquisando sons novos, todo dia vamos crescendo um pouquinho. Como o intervalo do último disco pra esse foi um pouco maior, teve tempo de amadurecer, de me sentir mais seguro no estúdio.


Esse intervalo maior entre o segundo e o terceiro disco foi proposital ou houve alguma dificuldade na produção dele?

Teve mais tempo porque teve muitas mudanças na banda e não foi possível manter a formação que tínhamos. As agendas começaram a ficar muito pesadas, também pela minha participação nas bandas de outros artistas, e a gente não conseguia mais conciliar eventos. Levou um tempo para conseguir gente nova. Da banda antiga continuamos mantendo contato, pensando em parcerias por fora, mas ;O Voo do Dragão; é uma banda completamente nova.


Você tem um trajetória de trabalho na cena musical independente. Como você tem avaliado essa conjuntura política do país e o impacto dela nas políticas públicas culturais, sobretudo para artistas independentes?

Ah; Tem gerado muita tensão e insegurança né, isso tem afetado as bandas. Muitas bandas estão com um pouco mais de estabilidade, porque houve um período de políticas favoráveis, que ajudou um pouco a gente se estruturar. Mas agora a situação tá complicada. Na banda da Karina (Buhr), por exemplo, antes nós viajávamos todos da banda e hoje não estamos conseguindo mais. A gente não tem se sentido seguro, nossa sorte é que a comunidade musical é bem unida. Por outro lado, a história tá aí pra nos mostrar que nesses momentos difíceis que surgem vários levantes culturais.


Você acha que os artistas devem se envolver nesses levantes culturais e na produção de trabalhos mais engajados com transformações sociais?

Quanto mais a gente se envolver, melhor. Eu acho que os artistas têm que ter consciência do poder de voz eles têm. Não é o momento de se omitir as coisas que estão acontecendo.


Falando em trabalhos engajados, você fez uma música para a Cláudia Ferreira da Silva, doméstica que foi morta em uma ação policial no Rio. Como você está vendo essa crescente visibilidade midiática dos crimes e assassinatos envolvendo policiais, como os casos de SP?

O estado e essa repressão da polícia são ferramentas do sistema capitalista que cerceiam a manifestação do ser humano, forçando ele a ser uma massa de manobra, com atitudes medianas e medíocres. Estamos tentando romper artisticamente com isso, sem palavras, mas com um som que causa um certo estranhamento, que sai do comum. Acho que o fato de não sermos tão famosos e estarmos lutando pra fazer alguma coisa, já é uma ameaça . Todo mundo que tá dando um passo a frente já é uma ameça. Temos que criar entusiasmo um no outro.


E os trabalhos novos, como você tem conciliado o trabalho em outras bandas com a Guizado?

Como eu não tô conseguindo mais fazer todos os shows da banda da Karina (Burh), eu tô criando outros lances. Em momentos de crise a gente tende a ser mais criativo e criar novas saídas. Além da formação completa da banda, temos tocado também com o Guizado Duo e o Guizado Orbital, que é um trabalho mais conceitual, com a temática do cosmo. A gente tem se virado.


SERVIÇO
Guizado
Picnik Festival. Concha Acústica (SHTN vila planalto, Orla do Lago Paranoá). Domingo (3/7), às 20h. Entrada franca.

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