A descoberta do brasiliense Eduardo Belo, de 30 anos, no mundo do jazz ocorreu durante o ensino fundamental no colégio Marista. O gênero geralmente apreciado por gerações mais maduras despertou o interesse do então aspirante a músico. Ao tocar violão em uma roda de amigos, Eduardo foi abordado pelo professor de educação física, Carlos Adail. ;Ele perguntou se eu conhecia um guitarrista chamado Pat Metheny. Eu não conhecia, mas vendo meu interesse , trouxe na semana seguinte, uma fita de vídeo de um show dele. Fiquei completamente vidrado;.
Entre os instrumentos utilizados pelos jazzistas, o baixo elétrico despertou o interesse de Eduardo. Ainda na adolescência, ele aprendeu a tocar o instrumento com o professor Oswaldo Amorim, movimento que proporcionou uma verdadeira imersão na obra dos ícones do jazz.
Não demoraria para que Eduardo entrasse na Escola de Música de Brasília. Lá, ele aprendeu as nuances do gênero iniciado em Nova Orleans. Além de Oswaldo Amorim, outros professores com especializações em jazz como Renato Vasconcelos, Paulo André e Vadim Arsky são considerados verdadeiros responsáveis para imersão de jovens da geração de Eduardo ao som típico norte-americano. ;Além de serem os semeadores do jazz e da música instrumental em Brasília, eles são responsáveis pela vinda de muitos jovens para estudar nos Estados Unidos. Eles estudaram aqui, abriram portas a outros músicos e sempre ajudaram quem estava interessado em estudar fora;.
Em 2011, o músico decidiu fazer mestrado em jazz performance pela Universidade Queens College/Cuny, em Nova York. O plano inicial era voltar a Brasília após concluir o curso, ideia que até o momento tem sido adiada. ;Não costumo planejar muito a minha vida. Aqui em Nova York as oportunidades surgem com uma velocidade absurda. Tenho acesso a pessoas com as quais nunca imaginaria dividir um palco um dia;, ressalta Eduardo, que já tocou nas duas últimas turnês de Bebel Gilberto e trabalhou com nomes como Brad Mehldau, Kevin Hays, Arthuro O;farril, Gregoire Maret e Billy Drews.
Eduardo afirma que ser um músico de origem brasileira no mundo do jazz é fator que ajuda no surgimento de novas oportunidades de trabalho. ;O fato de ser brasileiro e tocar música brasileira é uma benção para qualquer músico e isso abre muitas portas. Desde que cheguei, consegui um volume grande de trabalho. Foi uma grande porta de entrada;.
O novo álbum do músico, ainda sem nome definido, deve ser lançado até o fim do ano. Entre os músicos convidados está Billy Drews, saxofonista da banda Village Vanguard Big band, considerada a banda de jazz mais antiga de Nova York. O novo trabalho não utiliza instrumentos harmônicos: a musicalidade é composta por baixo, pandeiro, bateria e convidados solistas. ;Esse disco tem uma sonoridade muito aberta, é bem improvisado. Os artistas daqui estão gostando de escutar esse tipo de jazz. É um som mais inesperado para o ouvinte e mais desafiante para mim;, ressalta o músico, que decidiu fazer no novo trabalho arranjos avaliados como ;modernos; para choros tradicionais brasileiros como nas canções Canto de Xangô, de Baden Powell, e Caminhando, de Nelson Cavaquinho. Em agosto, Eduardo Belo leva seu som além das fronteiras americanas e faz turnê pela Europa em trio com os guitarristas Olli Soikkeli e Paulus Schãfer e, posteriormente, com o músico alemão Hendrik Meurkens e o russo Alexey Podymkin.
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