Estado de Minas
postado em 15/07/2016 08:58
Morreu na noite de quinta-feira, 14, em São Paulo, o crítico de teatro, teórico e professor Sábato Magaldi, aos 89 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Samaritano desde o dia 2 de julho. Magaldi apresentava um quadro de choque séptico e comprometimento pulmonar.Magaldi ocupava a cadeira 24 da ABL, que já foi de Manuel Bandeira, desde 1995. O crítico nasceu em 9 de maio de 1927, em Belo Horizonte. Mas como boa parte dos intelectuais de sua geração, trocou a capital mineira pelo Rio de Janeiro, em 1948.
Sua estreia como crítico ocorreu com a colaboração de outro intelectual mineiro ilustre. Em 1950 Magaldi começava a trabalhar no Diário Carioca. O setorista de teatro era Paulo Mendes Campos, não lá muito ligado à área. Ele, sim, já era, aos 23 anos, um apaixonado e não perdia uma montagem. O colega ofereceu seu posto e ele aceitou de bom grado.
Entre 1952 e 1953, estudou estética na Sorbonne, mas não deixou de escrever para o jornal. Na volta da temporada parisiense, seguiu para São Paulo (onde radicou-se) a convite de Alfredo Mesquita para dar aulas na Escola de Arte Dramática e não parou mais.
Influente pensador ligado a momentos decisivos da história do teatro brasileiro, Magaldi era um colaborador histórico do jornal O Estado de S. Paulo: foram centenas de colunas e artigos longos no Suplemento Literário, a partir de 1956, e também mais de 3 mil críticas de teatro no Jornal da Tarde, entre 1966 e 1989.
Magaldi foi um dos grandes organizadores da obra de Nelson Rodrigues, de quem era amigo pessoal, e foi responsável pela classificação de suas peças segundo tema e gênero (Tragédias Cariocas, Peças Míticas e Peças Psicológicas). Seus prefácios às peças são verdadeiros ensaios sobre a obra do dramaturgo.
Boa parte do trabalho foi reunida em Amor ao Teatro: Sábato Magaldi, livro organizado por Edla Van Steen (também sua mulher) e publicado em 2015 pela editora Sesc. Na época do lançamento, a autora afirmou que em apenas um ano ela e Magaldi chegaram a ir ao teatro 156 vezes. ;Ir ao teatro ou assistir a espetáculos, fossem de que ordem fossem, nunca foi profissão. Sempre foi satisfação. Ele se sentia um privilegiado de sair de casa todas as noites e ver alguma coisa;, contou ela.
A saúde do crítico estava debilitada havia três anos, desde que tinha quebrado o fêmur e colocado uma prótese ; tinha perdido ainda a visão de um dos olhos. Desde então, suas idas ao teatro diminuíram.