Que Jacob do Bandolim andou por Brasília nos anos 1960 e frequentou os saraus da cidade, muita gente sabe. O que poucos sabem é que, quando o bandolinista chegou ao Planalto Central, fez questão de apresentar a todos um amigo do Rio de Janeiro radicado na cidade. E foi com a introdução de ;meu melhor intérprete; que Jacob apresentou Heitor Avena de Castro durante um dos saraus realizados na casa do jornalista Raimundo de Brito. Avena não era só o melhor intérprete de Jacob. Era um compositor e tanto. E fez miséria em Brasília. No entanto, fora o meio musical da época, pouca gente hoje sabe quem foi esse citarista que dirigiu o Clube de Choro, criou arranjos para os músicos dos saraus e agregou os talentos musicais da cidade.
Preocupada com a possibilidade de essa história se perder no tempo e provocada pelo violonista Giovani Pasche, frequentador dos saraus que deram origem ao movimento do choro na cidade, a flautista Beth Ernest Dias decidiu mergulhar num projeto para contar um momento crucial da história da música na cidade antes da criação do Clube do Choro. E Avena de Castro era um protagonista dessa narrativa. ;Eu, pessoalmente, sempre soube da existência dele porque tocava músicas desde 1975, quando integrava um regional (conjunto de choro) que acompanhava a Beth Carvalho;, conta Beth. ;Mas ele ficou desconhecido para a maioria da torcida do flamengo.;
Iniciado em 2012 e encerrado hoje com o um show no Clube do Choro e o lançamento de discos e livro, Sábado à tarde ; Avena de Castro e a vida musical em Brasília nos anos 60 reconstitui a trajetória do músico carioca e de Jacob do Bandolim nos primeiros anos de Brasília, nas décadas de 1960 e 1970. O projeto foi realizado com verba de R$ 250 mil, do edital Registro e Memória, do Fundo de Apoio à Cultura.
Empregos
Avena fez parte de uma história que começa no Rio de Janeiro, com o fim da era de rádio, quando uma leva de artistas, incluindo nomes como Pixinguinha e o próprio Jacob do Bandolim, precisou se reinventar para sobreviver. ;Na década de 1950, no Rio, ele foi um solista de concertos, foi um astro do rádio, contratado das rádios Nacional e Roquette Pinto, apareceu na televisão. Ele tinha uma vida. E resolveu vir para Brasília quando o rádio entrou em declínio e os músicos que viviam disso começaram a perder seus empregos;, conta Beth.
A matéria completa está disponível aqui para assinantes. Para assinar, clique aqui.