Diversão e Arte

José Eduardo Belmonte dá guinada com o filme Entre idas e vindas

A produção do diretor brasiliense tem muito senso de humor e elenco de atores conhecidos

Ricardo Daehn
postado em 19/07/2016 07:31
A produção do diretor brasiliense tem muito senso de humor e elenco de atores conhecidos
Muito na vida do diretor brasiliense José Eduardo Belmonte mudou desde a primeira investida em longas-metragens, com
Subterrâneos, em 2003. Depois de um punhado de filmes alternativos, e de circulação mais restrita, Belmonte encontrou o sucesso comercial, trazido pelo filme Alemão, um dos mais assistidos pelos brasileiros, em 2014. Além de desdobrar a obra em mais uma narrativa (exibida na TV Globo), Belmonte apostou em O hipnotizador (2015), série da HBO que o levou a um contato mais íntimo com as culturas uruguaia e argentina. No mais recente passo, Idas e vindas, a carreira do diretor de 46 anos desponta com a intenção de abraçar popularidade. O novo filme, nos cinemas a partir de quinta (com 350 cópias), tem humor e elenco muito conhecido, com direito a Ingrid Guimarães, Fábio Assunção, Alice Braga e Rosanne Mulholland. Sem dúvida, uma virada de página na vida de Belmonte.

Qual a expectativa com o novo filme?
Tenho que parar com o hábito de me condenar demais. Sempre acho que posso fazer melhor. Tenho um perfeccionismo que é quase doentio. Não é nada saudável, mas eu já melhorei muito (risos). Agora, tem outra coisa: como diretor, eu vejo o filme em andamento, 600 vezes. No fim, percebo que tenho uma relação com o filme bem diferente daquela que o público tem. Não tenho expectativas altas: ficaria feliz de as pessoas irem ao cinema e se divertirem. Se o público comparecer e se sentir tocado, para mim, já é o fundamental.

Qual a peculiaridade de um diretor que tenha a visão formatada em Brasília?
Gente de Brasília gosta de ver o horizonte inteiro. Não gostamos de nada compartimentado (risos). Trata-se de uma coisa cultural: de não se ter o peso da tradição. Não se fica amarrado a nada ; o que é bom. A visão do horizonte propiciada por Brasília reflete um tanto no nosso espírito. É como ter as coisas na frente e ir elegendo: ;olha! comédia;, ;olha: ação;, ;tevê;, ;histórias em quadrinhos;. Tudo à eleição. A Rosanne Mulholland (atriz do filme) diz que não gosta de se repetir, quer fazer sempre coisas nova, e isso é outra coisa muito brasiliense (risos). Isso é positivo: aliás, trata-se de algo que vem como herança das nossas gerações. São dados que estão repetidos com nossos escritores e com as bandas de Brasília.

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Você percebe um diálogo com o cinema argentino, no Entre idas e vindas?
A gente bebe da mesma fonte que o cinema argentino, que é o cinema italiano dos anos 1960. É o cinema do Dino Risi, do Mário Monicelli (especialmente aquele visto em O incrível exército de Brancaleone), do Ettore Scola. Eram filmes assim: tocavam o coração, falando de coisas agridoces, Aí está a inspiração. A base para o meu filme foi o Aquele que sabe viver (do Dino Risi), com Vittorio Gassman. Inclusive, mostrei para o elenco, antes de filmar. Disse: é mais ou menos isso que quero, um road movie, mas agridoce.

Como chegou ao Plínio Profeta para a trilha do Entre idas e vindas?

Precisava ocupar o filme com uma sonoridade que fosse doce, mas, ao mesmo tempo, não fosse melosa. Não queria algo óbvio, e o Plínio fez uma coisa similar com O palhaço (de Selton Mello, em 2011). Fui um pouco nessa vibe. Coloquei umas bandas do Centro-Oeste que quis trazer: tem um folk hard, tem o Móveis Coloniais de Acaju e tem outra banda que é de Goiânia. Busquei um universo indie que achei bacana trazer

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