postado em 24/07/2016 07:32
Em meio à seca do Planalto Central, o jazz começa a brotar cada vez mais e criar raízes profundas. Mesmo com leis que, de tempos para cá, visam tornar Brasília uma cidade cada vez mais silenciosa, a música encontra seus meios de florescer. E essa não é tarefa simples. Embora o jazz esteja tornando-se popular por aqui, como comprovam os constantes e cada vez maiores festivais dedicados ao gênero, ele ainda está fora do circuito comercial e é tido por muitos como um gênero musical elitizado. A falta de espaços para fazer música no DF também não ajuda. Ainda assim, Marlene Souza, Hanna Moser, Paula Zimbres e Camilla Inês ganham cada vez mais destaque, dentro e fora do país. Essas musicistas brasilienses encontraram no jazz sua paixão e uma maneira de encantar e encantar-se. Elas fazem com que seu som chegue aos ouvidos dos moradores da capital, esse moderno segmento instrumental da música que une o jazz ao estilo brasileiro.
Camilla Inês
Natural de Recife, cresceu em Brasília. Filha de músicos, costumava interpretar as canções autorais do pai. ;O jazz me escolheu. Ele me sensibiliza muito.; Camilla lançou seu primeiro álbum, Jazzmine, em 2009, e o mais recente, The rhythm of samba, em 2015. ;Para compor o Rhythm, eu estudei bastante. Fui para escola do Clube do Choro conhecer mais o samba e os instrumentos;, conta. Entre suas referências atuais, constam nomes como Melody Gardot e Amy Winehouse. Grande fã de samba e de bossa nova, gosta de brincar com os clássicos nacionais. ;Sou fã da Rosa Passos! Tenho guardada uma entrevista dela, de primeira página, feita pelo Correio Braziliense.; Camilla atualmente prepara seu novo projeto, um show com repertório inspirado no livro de Ruy Castro, A noite do meu bem, que pinta o cenário da boemia carioca. A apresentação, com direção musical de Renato Vasconcellos, está marcada para 17 de setembro, no Clube do Choro, e contará com a participação de Roberto Menescal, com quem compôs a música Talvez eu te encontre por aí.
Marlene Souza
Filha de um saxofonista e de uma fã de bossa nova, Marlene Souza Lima é uma guitarrista carioca que se tornou brasiliense por afinidade. Cresceu ouvindo jazz e é apaixonada por de Miles Davis, Hermeto Pascoal e Chiquinha Gonzaga, entre outros. Seu som vai mais para o cool jazz, jazz contemporâneo, o free jazz e o brazilian jazz. ;A bossa e o jazz são irmãos, ficam bem-casados. Ambos oferecem a possibilidade da improvisação;, destaca. Seu primeiro álbum My way foi lançado em 2011.
Hanna Moser
Paulista radicada em Brasília, cresceu sob a influência do mestre de muitos cantores e instrumentistas: Miles Davis. ;Inicialmente cantava entre amigos, em festas e bares.; Suas influências vão de clássicos como Etta James, Nina Simone e Aretha Franklin ao moderno de Amy Winehouse. Seu repertório também é variado, com clássicos do jazz e ;jazzificações; de outros gêneros, como o reggae de Bob Marley e o rock de Creedence Clearwater Revival. Em agosto, Hanna fará um tributo a Amy Winehouse no Santa Fé (Jardim Botânico), e em setembro ela tem um show programado para São Paulo. ;Cantar jazz ainda é algo corajoso. Atualmente, Brasília tem lugares que vivem o jazz e há grandes músicos, mas é algo incipiente. Apesar dos festivais e eventos independentes, ainda é um espaço pequeno;, opina.
Paula Zimbres
A brasiliense descobriu o contrabaixo na escola, fase em que ouvia muito rock e participou de algumas bandas. ;Eu me senti atraída por aquele som grave;, relembra. Quando entrou na Escola de Música de Brasília para estudar baixo, durante um curso de verão, apaixonou-se pelo jazz. ;Hoje estou curtindo muito o jazz nacional. Vento em Madeira, Orquestra Popular de Câmara são algumas das coisas que estou ouvindo atualmente.; Paula já lançou um disco de composições próprias, Água forte, e tem um novo disco planejado para este ano, batizado de Moinho. ;Brasília anda um pouco fraca ultimamente. Não tem espaços constantes para tocar jazz, porque a lei do silêncio fechou várias casas. Temos que procurar outros lugares para tocar.; Paula participará do show Insurgência, no Teatro dos Bancários, na próxima sexta-feira, ao lado de outros artistas. ;Será uma manifestação, um show-político;, explica.