Diversão e Arte

Conselho curador do Espaço Cultural Marcantônio Vilaça, no TCU, renuncia

A decisão ocorreu depois de discordar de exposição

Nahima Maciel
postado em 25/07/2016 07:34
Obras de Rodin que integrarão a exposição questionadaAuguste Rodin é o pai da escultura moderna e tem valor inquestionável para a história da arte, mas o Conselho Curador do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, no Tribunal de Contas da União (TCU), não ficou nada contente com a notícia de que uma exposição do mestre francês ocuparia o local em meados de agosto. Formado por Renata Azambuja, Marília Panitz, Pedro Gordilho, Gê Orthof e Lúcia Flecha de Lima, o conselho havia rejeitado o projeto da exposição por considerá-lo ruim e inapropriado para o espaço, mas a presidência do TCU decidiu realizar a mostra mesmo assim. O conselho se sentiu desautorizado e quatro dos cinco conselheiros resolveram deixar o órgão. ;Para mim, foi antiético. Essa exposição havia sido unanimemente descartada. E não porque era Rodin, nós amamos Rodin, mas porque era um projeto mal-ajambrado, ruim;, conta Marília Panitz.

A saga de Rodin no TCU começou em novembro de 2015, quando o conselho, responsável por selecionar as exposições destinadas ao espaço cultural durante o ano, rejeitou um projeto no qual a proposta era fazer um diálogo de obras do escultor francês com artistas contemporâneos brasileiros. A ocupação do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça funciona por edital. Os autores inscrevem o projeto e o conselho seleciona de acordo com critérios artísticos e tem liberdade de escolha prevista em instrução que regulamenta o órgão. ;Essa instrução diz que nós decidimos a respeito do critério de seleção, cancelamento de exposições e etc. E tudo funciona com um orçamento prévio, que existe antes do edital;, explica Renata Azambuja. ;Houve uma coisa muito clara de passar por cima da decisão do conselho.; Renata conta que, após ser rejeitado, o projeto retornou com outra configuração, mas continuou descartado por não ser adequado à proposta da galeria.

No ano passado, do total de 70 projetos apresentados, o conselho selecionou três. A primeira exposição ocorreu no início do ano, a segunda foi suspensa porque a artista não conseguiu a verba para viabilizar o trabalho e a terceira foi adiada para 2017 pela administração do espaço por falta de verba. Segundo Vivian Pimenta, chefe de serviço de Gestão Cultural, um contingenciamento devido à crise que afetou toda a administração pública obrigou o TCU a demitir terceirizados e a suspender as atividades da galeria.

Contingenciamento


A próxima exposição seria Ordenamentos, de Bruno Moreschi, artista de São Paulo. ;No primeiro semestre, havia o interesse de fazer o Rodin sem comprometer o espaço (Marcantonio Vilaça), como fizemos no ano passado com o Leonardo da Vinci;, explica Vivian. ;Quando chegou maio, vimos que o contingenciamento era muito maior e que não poderíamos fazer a exposição Ordenamentos no segundo semestre. A galeria ficaria fechada, então conversamos com a presidência e, já que não íamos fazer a exposição, poderíamos aproveitar a galeria para o Rodin.; Vivian afirma que o patrocínio de R$ 325 mil para a realização de Rodin ; o despertar modernista vem da Confederação Nacional das Indústrias e não abarcou o orçamento do TCU. ;Nós estamos lamentando muito esse ocorrido. Fica parecendo que o TCU tirou a exposição e não foi isso. A gente leva isso aqui muito a sério;, diz Vivian.

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