Artisticamente, Pedro Miranda já fez um pouco de tudo. Garoto nascido em Copacabana, integrou o Tal, um grupo de teatro formado na escola. Na adolescência, ouvia Bob Marley, Living Colour e Legião Urbana, teve Domenico Lancelotti como professor de música e Moreno Veloso de pandeiro ; instrumento que começou a tocar depois de assistir a um show do grupo Mulheres Q Dizem Sim.
Mas foi ao ser ;apresentado; à Lapa, que Pedrinho (como é chamado pelos amigos), começou, efetivamente, a carreira musical. Tocando pandeiro e cantando no Semente, grupo que acompanhava Teresa Cristina no bar do mesmo nome, ele foi descoberto pelos cariocas e turistas, frequentadores do lugar. Com a cantora, gravou os CDs A música de Paulinho da Viola (2002), A vida me fez assim (2004), Delicada (2007).
Sempre disposto a interagir com outros artistas, Pedro, ao lado de Cristina Buarque, Nilze Carvalho, Soraia Ravenle, Eduardo Dusek, Alfredo Del Penho, Pedro Paulo Malta, grupo Casuarina e Cordão do Boitatá Pedro tomou parte em vários projetos, entre os quis O samba é minha nobreza, Sabe lá o que é isso, Lembranças cariocas, Lamartiníadas, Um ser de luz ; Saudação a Clara Nunes e do musical Sassaricando.
Desde que deu início à trajetória individual, o cantor e pandeirista carioca gravou três discos. Primeiro, o Coisa com coisa (2006); depois, Pimenteira ( 2009), e, agora, Samba original. A exemplo dos anteriores, esse recebeu ótima avaliação da crítica. No texto de apresentação, o biógrafo e crítico Ruy Castro diz: ;Pedro Miranda é a prova de que o samba tem um grande passado pela frente. Todo dia ele nos surpreende com as grandes novidades de 1933, 1947, 1952 ou de 1966...;
Pesquisa
Embora claramente Samba Original resulte de uma cuidadosa garimpagem, Pedro não se vê como pesquisador. ;Sou movido pelo interesse e pela curiosidade, quando escolho músicas para compor o repertório de um disco. Ao decidir gravar Ismael Silva, Assis Valente, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Wilson Moreira e Geraldo Babão, o que faço é uma pesquisa espontânea, não me considero um especialista nesta área;.
Quanto ao título escolhido para o álbum, ele diz que é uma provocação. ;Na verdade, utilizei a expressão original como algo ligado a seminal, a puro. Embora alguns dos sambas escolhidos sejam clássicos, busquei recriá-los com a minha interpretação, a partir de ousados arranjos do diretor musical do disco Luís Filipe de Lima;. Ah, sim! Samba original é também nome de uma composição com a assinatura de Elton Medeiros e Zé Kéti, que abre o repertório.
[SAIBAMAIS]A esse samba se sucedem pérolas criadas por mestres do gênero. Batuca no chão é uma rara parceria de Assis Valente e Ataulfo Alves. A pouco conhecida Garota dos discos tem a assinatura de Wilson Batista e Afonso Teixeira, nomes da tradição do samba, assim como Baiaco, pioneiro compositor do Estácio, e Ventura, portelense histórico, autores de Se passar da hora.
Um outro samba ;das antigas; é Amanhã eu volto (Roberto Martins e Antônio Almeida. Mas há também criações de compositores contemporâneos, entre os quais Samba dois-dois, resultado de parceria entre o baiano Roque Ferreira e o carioquíssimo Paulo César Pinheiro; e Lola crioula, de Geraldo Babão e Roberto Mendes ; dois sambas de roda autênticos. A infalível parceria de Wilson Moreira e Ney Lopes marca presença com o pouco difundido Quero você. Outra baianidade é o belíssimo Imitação, de Batatinha, gravado na década de 1970 por Maria Bethânia, no antológico Rosa dos ventos.
Num dos melhores momentos do disco, Pedro exibe as qualidades de grande intérprete no choro-canção SantoAmaro, com melodia de Luis Claudio Ramos e Franklin da Flauta, e letra de Aldir Blanc, que traz de volta imagens do Rio antigo. Meu pandeiro, de Luiz Gonzaga e Ary Monteiro poderia soar um estranho no ninho, mas Pedro soube adequá-lo à proposta do projeto.
Caetano Veloso, que se derramou em elogios a Pedro, ao fazer a apresentação de Pimenteira, o CD anterior, é o convidado especial do Samba original. O dueto entre eles revive o encontro de Ismael Silva e Francisco Alves, A razão dá-se a quem tem é uma obra-prima com letra de ninguém menos que Noel Rosa. ;Ter Caetano nesse disco é motivo de celebração para mim. Foi a última faixa gravada, pois com a agenda cheia, por conta da turnê com Gilberto Gil, ele precisou achar tempo para nos encontrarmos em estúdio; .
Música %2b Política
Com Zé Renato, Pedro Paulo Malta e João Pimentel, hoje, às 19h30, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Classificação indicativa livre.
Música %2b Humor
Com Zé Renato, Pedro Miranda e Reinaldo Figueiredo, amanhã, às 19h30, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Classificação indiativa livre.
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