Diversão e Arte

Antonio Candido, um dos maiores intelectuais brasileiros, completa 98 anos

Ele é referência para críticos, professores e escritores, além de responsável pela formação de grandes professores e intérpretes do Brasil

postado em 30/07/2016 07:36

O professor Antonio Candido permanece uma referência essencial nos estudos sobre a literatura brasileira

; Diuvanio de Albuquerque
Especial para o Correio

Referência para críticos, professores e escritores, Antonio Candido chega aos 98 anos de idade como um dos maiores intelectuais brasileiros. Responsável pela formação de grandes professores e intérpretes do Brasil ; tais como Roberto Schwarz, Arrigucci Jr., Walnice Nogueira Galvão, João Luiz Lafetá, José Miguel Wisnik ;, Candido ao lado de Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, Celso Furtado e Florestan Fernandes consolidou uma tradição de grandes pensadores, revolucionando assim tanto a maneira de ver a cultura nacional quanto de pensar o Brasil.

Nascido no Rio de Janeiro em 24 de julho de 1918, ou como melhor sintetizou Délcio de Almeida Prado em seus versos ;Nascido no Rio de Janeiro, /é paulista ou será mineiro/ Esse enigmático rapaz de Poços?;, dedicou a vida ao magistério, ofício do qual se orgulha e dedicou-se durante 36 anos. Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, também foi colaborador da revista Clima (1941-1943) ; ao lado de Lourival Gomes Machado, Paulo Emílio Salles Gomes e Gilda de Moraes Rocha, com quem viria a se casar ; e dos jornais Folha da Manhã (1943-1945) e Diário de São Paulo (1945-1947), dedicando-se em ambas as carreiras à paixão maior, a literatura.

Sociólogo de formação, foi na crítica literária que Antonio Candido encontrou as linhas em que seriam escritas sua biografia. Sua crítica buscava encontrar a lógica interna de funcionamento da obra articulada na dinâmica histórica. Sendo assim, o texto literário tornava-se mais que um mero objeto histórico, mas uma espécie de sujeito capaz de pensar, interpretar e vivenciar a história. Visto isso, seu método ganhou destaque em meio ao academicismo dos anos 1960 e 1970 por apresentar a obra literária enquanto elemento da cultura humana, os elementos da vida social conformariam-se ao universo estético criado pelo autor. O histórico-social são internalizados pela obra, reestruturados em seu universo ficcional, segundo suas próprias leis, as quais são estéticas.

Erudição


Suas realizações avançam conforme seu método, compromissado e de caráter dialético não dogmático, acompanhando e sintetizando o pensamento de críticos, filólogos e filósofos como Auerbach, Lukács, Brecht, Adorno e Benjamim. Seu instrumental, compromissado sempre com o texto literário, tornava pública sua erudição, percebida em maior volume em suas legendárias aulas, sempre acompanhadas de clareza e elegância, e seus importantes ensaios, alguns desses responsáveis pelos novos rumos que a crítica literária viria a tomar no Brasil, aqui citamos apenas alguns deles: Formação da literatura brasileira (1959 ; Uma análise histórico formativa da literatura brasileira, o arcadismo e o romantismo), Dialética da malandragem (1970 ; análise da obra Memórias de um Sargento de Milícias), De cortiço a cortiço (1973 ; estudo comparativo entre os romances O cortiço, de Aluísio de Azevedo, e L;Assommoir, de Zola).

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