Diversão e Arte

Pianista Clélia Irizun grava obra do espanhol Federico Mompou

A gravadora inglesa Somm convidou a pianista para integrar um projeto de gravação de obras de compositores espanhóis

Nahima Maciel
postado em 02/08/2016 07:09
Clélia Iruzun nunca havia tocado Mompou até fazer a pesquisa para o disco
A economia e o minimalismo têm um papel importante na obra do espanhol Federico Mompou, mas isso não implica em facilidade para pianistas que se aventuram nas partituras do compositor. Clélia Irizun, brasileira radicada em Londres, precisou se adaptar para gravar os dois volumes da obra do espanhol. A gravadora inglesa Somm convidou a pianista para integrar um projeto de gravação de obras de compositores espanhóis, e Mompou seria o primeiro. Clélia conhecia algumas poucas peças, mas nunca havia tocado. Topou o projeto e agora veio ao Brasil lançar o segundo volume de Federico Mompou ; Selected works. ;A simplicidade dele engana;, avisa. ;Tem que explorar as sonoridades, o colorido, e manter a linha, não perder a música porque senão pode se tornar um tédio. Às vezes, nem tem compassos, é livre, aberto e você tem que usar a imaginação.;

Mompou nasceu em Barcelona em 1893 e morreu em 1987. Escreveu, principalmente, obras para piano. Como era muito tímido e recluso, não gostava de se apresentar em concertos e recitais, mas chegou a gravar a própria obra. Nas duas últimas décadas, houve uma renovação do interesse pela produção desse catalão cujas peças carregam uma singeleza cheia de impressões delicadas. ;As pessoas estão procurando opções para o repertório porque está todo mundo tocando a mesma coisa. Então Mompou tem sido mais tocado, acho que para variar o repertório;, avalia Clélia.

O compositor passou boa parte da vida em Paris e lá recebeu a influência de Erik Satie e Claude Debussy. Também gostava muito de Chopin, o que fica claro nas sequências de Canções e Danças, gravadas por Clélia nos dois álbuns dedicados ao compositor. Mas é no livro Musica Callada, incluído no segundo volume, que mais se nota as intenções de Mompou. ;Nunca vi nenhum compositor fazer isso: simplificar ao máximo. É quase como se ele voltasse às estruturas mais simples da música e as transformasse numa música atemporal;, descreve a pianista.

Música latina e brasileira são dois componentes importantes da carreira de Clélia Irizun. Dos 14 discos gravados até hoje, seis são dedicados exclusivamente à produção brasileira e a compositores como Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Marlos Nobre e Francisco Mignone, do qual ganhou até uma peça com dedicatória. Em Londres, ela já organizou três festivais dedicados à música brasileira e, em outubro, realiza mais um evento. Divulgar a produção nacional é um compromisso iniciado timidamente: a cada convite para tocar na Europa, Clélia oferecia uma peça brasileira no repertório. No início, havia receio por parte dos organizadores dos recitais e concertos. Mas a proposta acabou apreciada e Clélia ampliou o repertório. Hoje, não faltam brasileiros, latinos e contemporâneos nas séries que costuma apresentar na Music Society.

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