Ricardo Daehn - Enviado especial
postado em 02/08/2016 17:34
São Paulo - "Senti o peso do mundo naquela cena de crucificação. Sou uma pessoa muito emotiva para o bem e para o mal", observou o ator Rodrigo Santoro, já refeito do momento de extrema emoção que o levou a pausa demorada em entrevista coletiva sobre o longa Ben-Hur. Santoro interpreta Jesus no filme, que, refeito para a contemporaneidade, chega às telas em 18 de agosto.
"Um ator passa cada vergonha... Pior é que a emoção foi verdadeira. É uma sensação indescritível estar pregado numa cruz", disse o astro de 300, antes de declarar a espera de que o Brasil receba o filme com o "coração aberto". Transcendência, abstração de sentimentos e integral parceria entre os astros Santoro e Jack Huston dominaram a entrevista. "A crucificação foi dolorosa de se ver", observou Huston, descendente de linhagem nobre do cinema (sobrinho de Anjelica Huston e neto do cineasta John Huston). Filmada numa quarta-feira de cinzas, na Itália, a cena foi "um momento absolutamente inesquecível", para Santoro.
Se no filme de 1959, o Ben-Hur de Charlton Heston era "um machão", agora o ator Jack buscou "uma jornada, uma viagem em que Ben-Hur se tornasse um verdadeiro homem". A corrida de bigas, um clássico no imaginário de qualquer cinéfilo, foi trabalhosa em todos os aspectos. "Foi muito real e assustador. É como estar na Fórmula 1 e interpretar em momentos muito nervosos", comentou o ex-astro de Boardwalk Empire que admitiu ter crescido assistindo ao filme original em todos os anos.
Um final alternativo animou o intérprete britânico. "Religiosos ou não, acho que os espectadores podem levar uma positiva investida, com o filme, de sermos mais bacanas uns com os outros." "Há mensagem de perdão e de gratidão. Coisas meio incomuns neste cenário de guerras políticas. Precisamos de certo modo de filmes como estes para reconsiderarmos nossas atitudes", completou.
Alcançando afinidade imediata com Huston, Santoro admitiu a exaustão de trabalhar, diariamente, nos defeitos, com a intenção de melhorar. "Jesus é icônico, mítico e muito difícil de enquadrar. Eu queria fazer, pela profundidade do mergulho, independente das críticas vozes internas e até mesmo da opinião dos outros", completou.
O repórter viajou a convite da Paramount.