Ricardo Daehn
postado em 03/08/2016 07:30
Marido gaúcho mata mulher e tenta forjar cena de assalto; mulher carioca dá entrevista desfigurada, por ter sido queimada pelo marido, e uma moça cearense recorre à medida protetiva, diante do pai, que a obriga a engolir lixo, e da mãe, que a segura para as sessões de espancamento. O emaranhado de dados que parece digno de manchetes sensacionalistas, na verdade, dão base para a arte da atriz e produtora, Naura Schneider, há nove anos, engajada na luta contra a violência doméstica. Numa série de pesquisas, Naura ; ex-repórter da RBS e atriz da Globo ; buscou entendimento para um áspero universo feminino, em parte retratado no longa Vidas partidas, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira.
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;No começo, fiquei com raiva de ver mulheres em situações que achava que poderiam sair, mas depois fui entendendo as particularidades dos casos. É difícil julgar, porque elas só queriam poder viver bem com os companheiros;, observa a fundadora da Voglia Produções, que respondeu pelo média-metragem Silêncio das inocentes, premiado documentário sobre a Lei Maria da Penha. Nos futuros projetos, Naura inclui uma série para a tevê chamada Mulheres em risco. ;Vivemos ainda numa sociedade muito machista e as mulheres ainda têm que lutar muito pelo seu espaço;, ressalta.
Talento
Vidas partidas conta a história de um casal, Graça (Schneider) e Raul (Domingos Montagner), que, antes, cheio de amores, vê a relação ruir pelo sentimento de posse do marido. O desandar da relação caminha para a violência física, já que Raul não aceita o crescimento pessoal de Graça. ;Nisso, não vejo nada de panfletário. Acho que contamos a história de milhares de casais;, observa a produtora que repassou a direção para Marcos Schechtman (de Caminho das Índias). O cineasta foi arregimentado junto com o roteirista, José de Carvalho, em escolhas que independeram do sexo. ;Queria um profissional bom, com sensibilidade e talento;, observa a produtora.
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