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Mundo pop: Conheça o cantor pernambucano João Fênix

O artista se caracteriza principalmente pelo estilo andrógino e as similaridades com o timbre de Ney Matogrosso

Adriana Izel
postado em 05/08/2016 07:30
O artista se caracteriza principalmente pelo estilo andrógino e as similaridades com o timbre de Ney Matogrosso
O artista se caracteriza principalmente pelo estilo andrógino e as similaridades com o timbre de Ney Matogrosso
O pernambucano João Fênix lançou neste ano o quinto disco da carreira, o álbum De volta ao começo, em que revisita o repertório de diversos artistas da música brasileira, como Gonzaguinha dono da canção-título do álbum.

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Com estilo andrógino, o artista se destacou no mercado por conta de seu timbre de voz de contratenor natural bastante similar ao do artista Ney Matogrosso. Confira abaixo entrevista do artista concedida ao Correio sobre o mais novo trabalho.

[SAIBAMAIS]Por que escolheu em De volta ao começo um álbum em que revisita o repertório de outros artistas? Como foi o processo de escolha das músicas?
Este CD representa um retorno a minha primeira e até hoje mais relevante expressão musical: a de intérprete. Este trabalho também representa uma busca pela minha essência humana e espiritual. Uma busca interna. Nele gravei compositores que me formaram musicalmente e que de certa ajudaram a formar o meu canto. Confesso que ao escolher as canções não fui conduzido por quem já as havia interpretado ou gravado, mas pelas músicas em si. Alguma músicas eu cantei durante toda minha carreira, outras cantei pontualmente e outras nunca havia cantado.

Em seu disco há um resgate com as músicas tradicionais brasileiras. Para você qual é a importância de resgatar as origens da musicalidade brasileira?
Quando gravei este CD em 2015, não tinha noção do quão hoje estaria sendo importante para mim, ressaltar por meio da música valores que me são tão caros. O processo - da escolha do repertório até gravação - foi fluente. Um resgate natural das minhas origens artísticas, musicais. Primeiramente o CD começa com Minha casa, música de Zeca Baleiro, que sintetiza bem meus anseios pessoais na passagem por este "plano". A partir dai, prossegue por minhas influências nordestinas e tropicalistas. Passando para o Cálice que foi meu solo no primeiro musical que fiz ao chegar no Rio de Janeiro e que por causa dele fiquei conhecido no meio artístico naquela época. E na sequência segue por minhas influências musicais já em terras cariocas -- Nelson Cavaquinho, Gonzaguinha, Noel Rosa...

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Desde o início da carreira você chamou atenção pelo jeito andrógino. Você se inspira em Ney Matogrosso?
Tenho muito orgulho de ter sido comparado ao Ney Matogrosso desde o início da carreira pelo incrível artista que ele é. Além dele ser um amigo que amo muito e um ser humano dos mais generosos que já conheci na vida. Porém o Ney não foi uma das fontes que "bebi" durante minha formação musical. Com relação a androginia, antes mesmo de gravar discos, fui cria dos palcos. Sempre muito inquieto desde o colégio. Fazia peças de teatro, performances, coreografias. Aprontei muito nesta época. Depois passei a cantar na noite do Recife, primeiro em alguns poucos bares e depois em shows mais elaborados nos Teatros locais. Já no Rio, dei sorte de trabalhar com diretores que potencializaram este meu lado andrógino/performático: Wolf Maya, Gerald Thomas, Gringo Cardia e até o próprio Ney Matogrosso (que me dirigiu num concerto no qual eu cantava músicas do repertório da Dalva de Oliveira).

Tendo uma visão de quem conhece o Brasil e também mora fora, como vê hoje o cenário musical brasileiro?

Vejo o cenário musical atual no Brasil efervescente. Muita gente boa surgindo e outros se estabelecendo. Bons cantores, cantoras, performers, compositores. Fico muito feliz que artistas não necessariamente mainstream, tenham seu nicho no mercado e seu público fiel. E é muito bom ter consciência que um país continental como o nosso consome e valoriza avidamente sua própria produção musical.

O Pernambuco te tornou conhecido por exportar talentos. O que leva o estado a ter essa eferverscência cultural?
A música de Pernambuco, Recife, de fato é única. Penso que somos inquietos musicalmente. Uma música que não se contenta apenas em dar prazer mas sobretudo, fazer pensar, reavaliar. Possuímos um carnaval plural e democrático musicalmente. Sofremos muita influência de nossa músicas de raiz - maracatu, caboclinho, ciranda, etc - assim como de sonoridades contemporâneas ou as vezes de maior erudição. Sou muito fã dos meus conterrâneos. Me considero bairrista neste aspecto.

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