Athos Bulcão produziu muito. Em 90 anos de vida, fez centenas de pinturas, gravuras, desenhos e painéis, mas pouco se sabe sobre o destino das obras. Muitas estão nas mãos de colecionadores privados e apenas os projetos para espaços públicos de Brasília foram realmente catalogados. Tomada pelo fôlego de comemoração dos 100 anos de nascimento do artista, a serem completados em julho de 2018, a Fundação Athos Bulcão organizou uma campanha de mapeamento para saber onde estão e quais são exatamente as obras desse carioca que se tornou personagem fundamental de Brasília. A ideia é que essa prdução hoje desconhecida possa integrar uma enorme exposição planejada para celebrar o centenário.
A Fundação Athos Bulcão é proprietária de uma coleção de 87 telas, quatro máscaras e 500 plantas com projetos de painéis em todo o Brasil. Em 2009, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) mapeou 260 obras. Dessas, o governo do Distrito Federal tombou 192, exatamente as que estão em locais públicos. Valéria Cabral, secretária-executiva da fundação, também sabe que há uma coleção de fotomontagem no acervo dos museus de arte moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e uma gravura no MAM/SP. A Biblioteca Nacional, no Rio, tem alguns registros de obras feitas para capas de livro, cenários de peças e outros projetos nos quais o artista trabalhou. E é tudo. ;O Athos não tem esse histórico. Ele foi muito pouco mapeado;, lamenta Valéria. ;A fundação é de 1992. Temos um acervo que nos encarregamos de aumentar. Mas fora nosso acervo, não sabemos muito o quanto ele produziu.;
Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, em 1918. Em 1939, largou o curso de medicina para se tornar artista e começou uma produção intensa alimentada por desenhos, gravuras, pinturas e objetos como os bichos e as máscaras. Em 1943, conheceu Oscar Niemeyer e iniciou a mais importante parceria entre um artista e um arquiteto já realizada no Brasil. Em 1958, trocou definitivamente o Rio por Brasília para trabalhar com Niemeyer nas obras da capital. Valéria Cabral acredita que o artista tenho produzido mais ou menos umas 500 obras, das quais 300 estariam em mãos privadas. Os números são apenas uma estimativa.
Mapa
Há anos a fundação pede, via redes sociais, que colecionadores e proprietários informem as obras que possuem. ;Mas o retorno é muito pouco;, garante Valéria. Recentemente, a instituição se cadastrou como agente cultural na plataforma Mapa nas nuvens, da Secretaria de Cultura, e fez um chamado para que as pessoas identifiquem os lugares nos quais há obras do artista. Depois de identificar qual é e onde está a obra produção de Athos, um time de curadores vai selecionar o que deve integrar a mostra do centenário.
A proposta de exposição deverá ser inscrita em editais do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e Museu dos Correios para início em 2017 e término em 2018. A ideia é abrir primeiro no Rio de Janeiro, onde Athos nasceu, e encerrar em Brasília, onde o artista morreu.
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