Um dos embaixadores do som brasiliense em Nova York, o saxofonista Livio Almeida encontrou na metrópole americana uma possibilidade de ascensão profissional. Ex-aluno da Escola de Música de Brasília, o músico de 30 anos acaba de lançar o disco Action and reaction, álbum de selo independente disponível na Amazon e no ITunes store. O disco autoral conta com canções compostas pelo artista entre 2011 e 2014, resultado de pesquisas e experimentações no jazz.
"Quando eu achei uma formação de quarteto que realmente me agradou musicalmente, a ideia de lançar um disco amadureceu na minha mente. Fomos ao estúdio e gravamos tudo ao vivo numa sessão de seis horas, o que foi bastante impressionante", ressalta Livio, que contou com a participação dos músicos brasileiros Vitor Gonçalves (piano) e Eduardo Belo (baixo) e da família O;Farrill ; composta por Adam (trompete), Zack (bateria) e Arturo (produção). "Eles são músicos que tocam de forma mais arrojada e desafiadora, sem medo. Eles têm um espírito musical similar ao que eu acredito."
A influência brasileira permeia o trabalho do artista, que vai desde os acordes do baião até o samba. Apesar do trabalho de Livio ser denominado como brazilian jazz, o artista já fez experimentações com outras linhas do gênero americano, como a afro-latina, a colombiana, a venezuelana, o bebop e o hard bop ; que também podem ser conferidas no novo trabalho. "Acho que esse álbum foi parte de uma procura da minha identidade como saxofonista e artista. Inexoravelmente, minha música teria raízes brasileiras, mas sabia que isso não seria de uma forma tradicional", destaca o brasileiro que reside em Nova York desde 2009 e passou a adolescência inspirando-se em grandes nomes do jazz, como Sonny Rollins, Thelonious Monk e John Coltrane.
Apesar das facilidades iminentes ao residir na terra natal do gênero, paralelamente ser um músico brasileiro em Nova York reserva alguns obstáculos. Com referências técnicas maiores, a trilha para uma carreira sólida como saxofonista dedicado ao jazz exige um constante aprimoramento. "Como um instrumento solista, por mais que você toque em outros grupos, é imprescindível achar seu próprio estilo, sua voz como instrumentista. Pela própria natureza do saxofone, é um instrumento que exige desenvolvimento de seu próprio trabalho e estilo. É o que vai te diferenciar da multidão."
Além da divulgação do novo trabalho, Livio tem planos de expandir a música brasileira na Big Apple. "Quero gravar no início do próximo ano com uma espécie de mini big band dedicada aos gêneros brasileiros". Atualmente, além da participação em shows ao lado de colegas apaixonados pelo gênero americano, o instrumentista mantém há dois anos Livio Almeida Brazilian Jazz Dectet, projeto mensal com shows apresentados no Zinc Bar, clube tradicional de jazz.