João, o que o Donato Elétrico representa em sua obra?
Uma boa circunstância de vislumbrar um novo horizonte e, a partir daí, experimentar uma nova maneira de fazer a música em que acredito com gente nova. O Donato elétrico é um irmão mais maduro do A bad Donato, um disco que causou um impacto muito grande, tendo sido gravado e lançado nos Estados Unidos, em 1970, enquanto a bossa nova ; da qual dizem que sou precursor ; apresentava ao mundo uma música brasileira mais moderna do que o Tico-tico no fubá (Zequinha de Abreu), da Carmen Miranda, que também teve sua importância. De maneira que o Donato Elétrico tem, assim como o Bad, os teclados analógicos, os sintetizadores e uma pegada mais forte do que os meus discos com piano acústico, que são a maioria. É uma forma como eu lido com a liberdade da qual não abro mão no meu pensar musical, na minha vida, no meu trabalho. Sou eu, aos 81 anos ; faço 82 anos dia 17 deste mês ; tocando um piano com todos os temperos que eu gosto.
Como se deu a escolha dos músicos que participaram do projeto? Que conhecimento você tinha deles? Tocou com eles?
Eu fui apresentado aos músicos pelo Ronaldo Evangelista para ensaiar para o primeiro show do disco Quem é quem (que saiu em 1973 para o mercado). O show foi em São Paulo em 2014. No primeiro ensaio, já rolou aquela empatia, os meninos são muito bons no instrumental. E o Ronaldo é muito bom em organizar, ele fica semanas sumido até que reaparece com soluções de misturar o teclado X com o sopro Y. Acabei passando a fazer parte da turma deles. Já fizemos shows no Festival Mimo e no Rock in Rio.
Qual a sua apreciação sobre o resultado do álbum?
Positivo e animador. Tem praticamente todos os sotaques musicais com que eu tempero a minha música. Algumas músicas vão fazer parte da trilha sonora de um novo filme do cineasta franco-suíço Georges Gachot.
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