Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Festival Cena Contemporânea tem maior foco no público jovem

Companhias realizam experimentações de novas linguagens sensoriais

Mais que abrir os palcos para um público entendido do ilimitado universo das artes cênicas, a 17; edição do Cena Contemporânea dedica parte da programação a um elemento fundamental ao futuro do teatro brasileiro: a formação de plateia. Cresce a quantidade de peças direcionadas a espectadores cada vez mais jovens, com contexto que se difere do caráter pedagógico com que são concebidos grande parte dos projetos de teatro infantojuvenil. São experiências contemplativas, que respeitam o universo de entendimento dos signos teatrais de uma plateia que pode ir de zero a 14 anos. E também os desafiam a ir além, apresentando novos conceitos e possibilidades, seja usando de recursos multimídias, seja explorando a potencialidade da fala.

O espetáculo A gruta da garganta, da companhia La Casa Incierta, tem exibição a partir de hoje no Museu Nacional da República e exemplifica a tendência da produção de peças que explorem o lado sensorial de bebês e crianças. O diferencial é não esbarrar no didatismo ou qualquer visão estereotipada de que o adulto, de conhecimento superior, teria algo a ensinar.

Lado a lado, cada um tem a própria percepção e são tocados de igual maneira. ;A peça foi criada para a primeira infância. Só que não esquecemos dos pais e responsáveis, que são quem os levam ao teatro e, certamente, sairão tocados das apresentações. Não é teatro sobre ecologia, educação, ou apenas para entreter. Queremos sensibilizá-los sobre a importância da comunicação;. Quem define é a atriz e cantora brasiliense Clarice Cardell, responsável pela concepção da peça multimídia com o colega Carlos Laredo, diretor espanhol com quem fundou a cia teatral há mais de 15 anos.

;Estávamos sediados em Madri antes de virmos a Brasília, há três anos. É nosso 14; espetáculo para bebês. Sempre fazemos um trabalho de pesquisa em creches. É algo obrigatório;, conta Cardell sobre parte do processo produtivo. Apesar da vasta experiência com teatro infantil, A gruta da garganta ganha contornos inéditos nas mãos da artista e dos colegas de palco. Na fase de testes e experimentações, um bebê em especial os inspirava na criação e nos testes do impacto que as cenas causavam. Trata-se do filho de Aida Kellen, cantora lírica com quem Clarice compartilha a apresentação. Com menos de um ano, a criança foi fundamental na construção do espetáculo.


Programação de hoje


A gruta da garganta (DF)

Às 11h e às 16h; no Auditório 1 do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Sinopse: Espetáculo dedicado a primeira infância discorre, de maneira poética, sobre a importância da comunicação para a formação humana. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no local, uma hora antes da apresentação. Indicado para
crianças de 0 a 6 anos.

Cegos (SP)
Às 15h, em trajeto pelo Governo Federal (Esplanada dos Ministérios, Congresso Nacional e Praça dos Três Poderes). Coberto por argila e com os olhos vendados, atores performáticos se misturam aos pedestres em performance que questiona o excesso de trabalho e a petrificação da vida, entre outras questões. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

A floresta que anda (RJ)
Às 18h30, às 20h e às 21h30, no mezanino do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Sinopse: O público é recebido para um vernissage numa galeria de arte e envolvido por testemunhos reais filmados de pessoas comuns comentando como suas vidas foram afetadas pelo sistema político e econômico atual do Brasil. Ao mesmo tempo, os espectadores são envolvidos por situações criadas por atores ao vivo. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.

Hysterica passio (SP)
l Às 19h, no Teatro Funarte Plínio Marcos (Eixo Monumental; 3322-2076). Sinopse: Hipólito, filho da esquálida enfermeira Thora e do pálido dentista Senderovich assume diversas figuras alegóricas em cena: a de um mestre de cerimônias,
a de seu pai já morto e a dele mesmo na infância. Apresenta sua vida e a de seus pais, retomando ao passado para questionar, julgar e condenar a dor que sente, as feridas ainda não cicatrizadas. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

Ladrão de mim (DF)
Às 21h, no Teatro da Caixa (SBS, Qd. 4, Lts. ;). Sinopse: Em peça solo, a pesquisadora da UnB Lucianna Mauren esmiúça as experiências afetivas de uma mulher. A apresentação conta com projeções em vídeo, tendência no festival. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.

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