Só havia uma forma de representar o São Francisco na cabeça da pintora Anoushe Duarte e essa forma passava pelas histórias que povoam a beira do rio. Na concepção da artista, o universo ribeirinho cabia numa pintura de formato particular, com 15cm de largura e 1,5m de comprimento. Anoushe pintou sobre a superfície em madeira tudo o que viu ao longo de cinco viagens pela região do São Francisco e o quadro acabou entre os 127 trabalhos selecionados para a 13; Bienal de Naifs do Brasil. Organizada pelo Sesc, a mostra está em cartaz em Piracicaba até novembro com obras escolhidas por um júri entre 948 inscritos. ;Foi uma grande surpresa porque eu nunca tinha inscrito nenhum quadro em nenhum certame;, conta a artista.
Nascida em Basília e formada em jornalismo, Anoushe, 42 anos, começou a pintar há 10. Até então, a mania de contar histórias era restrita ao texto, com um blog sobre livros e a atuação na assessoria de imprensa da Codevasf. Incentivada pela mãe, também pintora, Anoushe decidiu começar a frequentar o ateliê do pintor Rocha Maia em sessões de prática de pintura. O universo naif começou a tomar forma à medida que a artista seguia a própria intuição. A artista nunca fez aulas de pintura e, até os 32, nunca havia pintado ou desenhado. ;Minha coisa era mais com a escrita;, conta. A narrativa antes exercitada com palavras passou então para tinta e pincel.
Anoushe gosta de contar histórias nas telas. Especialmente as brasileiras, as que surgem de paisagens, as que estão conectadas com a água (há muitos rios e lagos nas pinturas) e aquelas ligadas ao folclore brasileiro. E algumas tocam mais a pintora que outras. Brasília é um tema constante. Os monumentos aparecem em vários quadros. A artista já pintou a Ponte JK e o lago inúmeras vezes, assim como as atividades praticadas pelos brasilienses em um dos cartões-postais da cidade. A Igreja Nossa Senhora de Fátima, na 308 Sul, também aparece em uma das pinturas na qual a artista retrata um casamento dos anos 1970. ;Sou apaixonada pela cidade;, avisa.
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