Diversão e Arte

Música e vida de Elis Regina emocionaram a plateia do Festival de Gramado

Cinebiografia da cantora concorre ao kikito. Curta pernambucano Black Out abriu a mostra competitiva

Diário de Pernambuco
postado em 29/08/2016 09:09

Andreia Horta é forte candidata ao troféu kikito pela interpretação de Elis Regina na cinebiografia

A mostra competitiva de curtas do Festival de Gramado começou na noite de sábado com o curta Black out, de Pernambuco. Bastante metalinguístico, intercalado por imagens sombrias com aspecto de vídeo, o documentário registra a situação da comunidade quilombola de Conceição das Crioulas, localizada no Sertão, onde os moradores vivenciam apagões com constantes cortes de energia elétrica. A escuridão funciona ainda como metáfora para o desrespeito com os descendentes de escravos no Brasil.

Black out foi realizado coletivamente por oito diretores. Em Gramado, o filme foi apresentado por dois deles, Felipe Peres Calheiros e Martinho Mendes. Eles aproveitaram o palco do festival para alertar sobre o conteúdo do decreto 8780 de 27 de maio de 2016, que retira a responsabilidade pelas comunidades quilombolas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e as transfere para a Casa Civil da Presidência da República. Segundo os realizadores, e medida enfraquecerá os direitos dos descendentes de escravos sobre as terras onde vivem.

A direção é assinada por Adalmir da Silva, Felipe Peres Calheiros, Francisco Mendes, Jocicleide Valdeci de Oliveira, Jocilene Valdeci de Oliveira, Martinho Mendes, Paulo Sano e Sérgio Santos, que também aparecem na tela.


A mostra competitiva de longas-metragens começou também no sábado com a comédia O roubo da taça (patrocinada pelo Netflix), de Caíto Ortiz, e com o drama musical Elis, de Hugo Prata, cinebiografia de Elis Regina, que já surge com a atriz Andreia Horta como forte candidata ao troféu kikito de melhor atriz.

Com um visual elegante, Elis, o filme, valoriza o poder emocional das músicas da cantora, mas tem um excesso de didatismo e de objetividade que não corresponde à ousadia e ao espírito libertário da artista. Com certa artificialidade e redundância, os diálogos enfatizam os significados de situações de vida e de canções que já falariam por si. O talento dela, por exemplo, é afirmado demais nas palavras, apesar de já estar mais do que perceptível em todas as cenas musicais. A questão das drogas é abordada de forma respeitosa e responsável, sem moralismos conservadores ou apologias.

O longa-metragem oferece uma boa introdução à obra de Elis Regina e tem tudo para fazer tanto sucesso quanto as cinebiografias de Cazuza e Tim Maia. Foi o filme mais aplaudido do Festival de Gramado até o momento.

O ator Tony Ramos foi homenageado na noite de sábado com o Troféu Cidade de Gramado.

O repórter viajou a convite do Festival de Gramado

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