;O ser humano é uma imensidão;. A frase ecoa como lema para Bárbara Paz. Mais que atriz, a gaúcha é um ícone de resiliência. Importada da física, a palavra que define a capacidade que certos materiais têm de sofrer impactos e retornar à forma original é termo ideal para qualificar a gaúcha. A perda precoce da mãe. O acidente de carro sofrido ainda jovem e que dilacerou seus músculos faciais. Incontáveis cirurgias. A cicatriz no rosto justamente na época em que buscava por visibilidade na carreira. A hiperexposição depois do estrelato súbito após passagem por um reality show. Golpes não faltaram ao longo da vida da atriz.
O mais recente aconteceu em julho, quando o marido, Hector Babenco, morreu aos 70 anos após uma parada cardíaca. Foi na imensidão interna, provocada pela convivência com o amado, que ela encontrou espaço para se reerguer e, uma semana depois do falecimento do diretor de cinema argentino, voltar aos palcos com Gata em telhado de zinco quente. A elogiada peça chega ao CCBB neste fim de semana e permanece em cartaz aos fins de semana até o dia 9 de outubro.
Do convívio com o cineasta, nasceu a motivação sobre acreditar na infinitude do ser. Essa, nas palavras de Bárbara, é o maior legado do marido. Ela mantém-se alheia a polêmicas, como a mais recente, quando as filhas de Hector, Mira e Janka, alegaram que brigarão pela herança deixada pelo realizador. Mais uma vez, Bárbara Paz sobrepujou as pancadas da existência. Sempre que pode, as transforma em poesia com ;coragem, humildade e paciência;, como ela define. Antes de perder o companheiro, com quem se relacionou desde 2007, gestava importantes projetos ; e que já foram retomados. Um documentário e uma coletânea de poemas em homenagem ao diretor de Carandiru e Meu amigo Hindu estão em fase de produção. A previsão é que ambos sejam lançados no ano que vem. ;Mas não t;em data nem término definido;, adianta a atriz.
Por hora, enquanto as ideias tomam forma e saem do papel, é nos palcos que ela se realiza. ;Estou no caminho, fui e sou feliz muitas vezes nessa estrada;, afirma. ;Atuar me faz melhor como pessoa;, emenda. Em agosto, a gaúcha de Campo Bom foi indicada ao prêmio de melhor atriz pelo papel em Gata. A sexy, intempestiva e enigmática personagem Maggie foi um recomeço. A mulher que luta pelo amor de um marido indiferente (Brick, interpretado por Augusto Zacchi) e cobiça a herança do sogro, o bilionário Paizão (Zécarlos Machado) já foi encenada dezena de vezes, no Brasil e lá fora. O clássico não a amedrontou ou a fez pisar no incerto terreno das comparações. ;Sempre fui tão fascinada pelo texto que nunca pensei em quem já encenou;, comenta.
Gata em telhado de zinco quente
Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2). Com o grupo Tapa. Sábado, às 20h; e domingo, às 19h. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no site Up Ingressos e na bilheteria do CCBB. Não recomendado para menores de 14 anos.
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