Manifestação muito comum no Rio de Janeiro e em São Paulo, a roda de samba tem característica própria: costuma reunir grande número de pessoas em torno de uma mesa, onde músicos tocam e cantam, sem, necessariamente, fazer uso de microfones. Nos últimos anos, a roda de samba vem se espalhando por vários locais da capital federal. Da Asa Norte à Asa Sul, do Conic ao Ciclo Operário do Cruzeiro Velho, se estendendo pelo Guará e por Ceilândia ; há sempre um bom batuque para se curtir, com a participação de sambistas de gerações diversas.
O Correio pesquisou e mapeou lugares que oferecem essa vertente do mais representativo gênero musical brasileiro. Surpreendentemente, tem roda que acontece há 15 anos. Por outro lado, há a que teve início no começo desta semana. Algumas são gratuitas e quase todas se mostram fiéis ao compromisso de manter viva essa tradição do samba, que vem dos primórdios do século passado.
Samba de primeira na segunda
Desde novembro de 2015, o Feitiço Mineiro (306 Norte) promove a roda de samba com a participação de cantores e músicos da cidade, em sistema de revezamento. A cada segunda-feira, a partir das 20h30, são realizadas rodas temáticas, como a Na aba do meu chapéu, sob a direção de Rebeca Dourado. ;Nesta noite, os participantes, além de cantar e levar os espectadores a acompanhá-los, fazem relato sobre a história do samba, brincando com a imagem do malandro, personagem associado a esse gênero musical;, diz Rebeca Dourado. O couvert artístico é de R$ 25. Não recomendado para menores de 16 anos.
Samba da Maroola
Na última segunda-feira houve a estreia da mais nova roda de samba de Brasília, que tem como projeto promover a ocupação do Setor de Diversões Sul, no primeiro dia útil da semana. Os instrumentistas se apresentaram no Bar Thainá, que fica próximo à praça central do Conic. Embora seja uma iniciativa dos músicos Bebeto Freire e Nego Bom, eles fazem questão de dizer que pertencem a um coletivo. ;A ideia é, a cada roda, levar ao público o resultado da pesquisa que fazemos em cima da história do samba. Na primeira, houve a participação de Apoena Machado e Sidnei Aroeira, que mostraram um pouco do jongo e do samba de roda da Bahia;, conta Bebeto. O acesso é livre.
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Adora Roda
Há nove anos, todas as terças-feiras, a partir das 20h, o brasiliense e turistas têm marcado presença na roda de samba comandada pelo grupo Adora a Roda, que teve início há oito anos no Bar do Calaf; e, desde 2014, vem ocorrendo no Outro Calaf (Setor Bancário Sul). ;Preservar e divulgar o samba de raiz é o que propomos, desde que o grupo surgiu em 2006. Isso, o público que nos acompanha pode testemunhar na roda que comandamos, da qual já tomaram parte sambistas como Nelson Rufino, Zé Catimba, Toninho Geraes, Marquinhos Diniz e Fabiana Cozza;, destaca Breno Alves, vocalista e pandeirista do conjunto. O ingresso é de R$ 10 até as 22h e R$ 20 depois desse horário. Não recomendado para menores de 18 anos.
Do trabalho para o samba
Às sextas-feiras, com início às 18h, Pedro Cariello e outros sambistas movimentam a Praça dos Artistas no Setor Comercial Sul com uma roda de samba voltada principalmente para quem sai trabalho. ;O Do trabalho para o samba é um projeto que tem como proposta fazer a ocupação do espaço público, no centro da cidade e contribuir para a revitalização do Setor Comercial Sul;, ressalta Cariello. ;O acesso do público é gratuito e, para realização da roda, contamos com o apoio do Churrasquinho Express;, destaca.
Mulheres de Samba
Uma roda de samba com um princípio. É assim a Mulheres de Samba, que reúne em média 30 sambistas em cada edição. Segundo a cantora e percussionista Elizabeth Maia, a ideia do projeto surgiu em 8 de março último, no Dia Internacional da Mulher. ;Decidimos criar essa roda depois de perceber a ausência de mulheres nessas reuniões; e de ouvir, com frequência sambas com mensagens machistas. Para criar nosso repertório, utilizamos um filtro, pelo qual não passam letras que depreciem as mulheres;, afirma Elizabeth. Ontem, no Outro Calaf, houve a terceira edição, que teve como convidada a cantora carioca Ana Costa.
Semente da Vila
Houve tempo que uma das rodas de samba mais concorridas era a do Semente da Vila, no Setor de Clubes Sul, que funcionou entre outubro de 2011 e setembro de 2015, no Rotary Club (Setor de Clubes Sul). Dois anos depois, ela estará de volta em 23 próximo, agora na quadra da Acadêmicos da Asa Norte (Setor de Clubes Norte), com a participação de nomes destacados do samba brasiliense, como Marcelo Sena, Marquinhos Benon e Cris Pereira, entre outros. ;O Semente da Vila é um projeto que visa valorizar a cultura popular brasileira em sua essência;, afirma a produtora Ellen Fortes. ;Em nossa roda de samba já recebemos artistas consagrados, entre os quais Nelson Sargento, Moacyr Luz e Toninho Geraes;, acrescenta.
Samba do Candangueiro
Já se vão 15 anos desde que o grupo Candangueiro começou com a roda de samba que alegra o Armazém do Ferreira, aos sábados, a partir das 13h. Líder do conjunto, o cavaquinista Diego Considera faz questão de dizer que a proposta do Candangueiro é tocar samba de raiz. ;Isso fica claro já na nossa formação instrumental que segue a tradição, com cavaquinho, violão e duas percussões. O nosso vocal é feminino;. Ele fala que o grupo conseguiu formar um público cativo. O couvert artístico é de R$ 10.
Samba da Comunidade
Uma vez por mês ; sempre no terceiro sábado ;, o Samba da Comunidade reúne muita gente na Praça da Bíblia, no Setor P Norte de Ceilândia. A roda de samba chega à 28; edição no dia 17 próximo, às 16h. ;Aqui o que se ouve é o autêntico samba de raiz, na interpretação de músicos e cantores de várias cidades do DF e também do Entorno. Vem sambista até de Águas Lindas;, festeja Nego Vato, que criou o evento com Michael Santos. ;O que pretendemos, desde que iniciamos a roda há dois anos, é agregar as pessoas em torno do samba. Reunimos em média 400 pessoas por edição e todas se mostram muito interessadas no que oferecemos;, contabiliza Nego Vato.
Já chegou quem faltava
Inspirado na prática do chamado samba de terreiro, que fez história nas principais escolas de samba do Rio de Janeiro, o Já chegou quem faltava ocupa há um ano e meio, num dos domingos de cada mês, o Círculo Operário, no Cruzeiro Velho (ao lado da Administração Regional). ;Seguimos a tradição. Inicialmente, para esquentar a roda, o sambista canta a primeira parte o samba seguidamente, para ensinar a todos. Assim, cria a base possível para serem entoados outros versos, feitos de improviso. Aí a grande roda se forma, com todo mundo toando e cantando. A participação do público é indispensável, para tomar parte e vivenciar uma experiência diferente no samba;, explica a produtora Natália Carvalho. O Já chegou quem faltava volta a ser promovido no dia 18 próximo, a partir das 16h. O ingresso é R$ 10. Classificação indicativa livre.
Pagode do Guará
Pode até não ser a mais famosa, mas nenhuma outra roda de samba de Brasília é tão longeva quanto a que é promovida no estacionamento próximo à Feira do Guará. Criada há 15 anos por Potoka e presidente da escola de samba Império do Guará, a roda ocorre a partir das 16h, tendo à frente os músicos dos grupos QG do Samba e Arte Boemia e a participação de outros sambistas daquela cidade. ;Nos revezamos entre os quiosques de Dona Jesus e Dona Luisa e costumamos reunir, em média, 300 pessoas a cada domingo, num ambiente familiar e de muita animação;, comemora Potoka, que está lançando o CD 0800, com sambas autorais.
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Samba nas Feiras
A roda de samba inspirou o projeto Samba nas Feiras, que chegou este ano à segunda edição. A estreia foi no último domingo, na Feira da Torre de TV e reuniu público de aproximadamente 500 pessoas. Os espectadores interagiram com a cantora Clara Nogueira, que homenageou a sambista carioca Teresa Cristina e o grupo instrumental formado por músicos do Adora Roda e de Os Filhos de Dona Maria. No dia 18 próximo, o Samba na Feira chega à Feira do Guará, onde Ivan Mendonça vai reverenciar Almir Guineto.
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