Ricardo Daehn
postado em 10/09/2016 07:42
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Carioca exilado, Caito se diz um ;paulista, por naturalidade;, já que saiu da Cidade Maravilhosa, aos 5 anos. ;Desde muito novo, voltava para lá, numa atmosfera idealizada, mas com perda da inocência, praia e tudo sendo mágico. Lembro que, aos 12 anos, eu estava na casa da minha avó, em Copacabana, quando o roubo da taça se tornou um trauma coletivo. Havia apelos emocionados, em rede nacional, pela devolução (risos);, observa. Daí, fazer um filme carioca, com humor idealizado, ter sido uma meta. ;O Paulo Tiefenthaler (premiado ator do filme) tem uma frase que assinalo: ;O Rio não existe, é uma cortina de fumaça;. É uma energia muito louca. Início dos anos 1980 tudo muito torto, com fim da ditadura. Nisso, chegamos num paralelo daquela época de 1983 com os dias de hoje. A gente tem um governo ilegítimo, com a inflação bombando, e o desemprego crescendo. Parece que eu estou vendo o Temer e o Figueiredo de mãos dadas;, ironiza.
Saindo do politicamente correto, no roteiro do projeto de sete anos para o filme (o primeiro nacional, em parceria com a Netflix), o cineasta enfatiza que o filme pega as pessoas numa veia em que elas não estão mais esperando. Nisso, há quem veja controverso o uso da sexy Dolores (Taís Araújo) em cena. Ortiz teria então passado da contas? ;Acho legal, saudável, o nosso neofeminismo. Mas 1983 era machista pra c... O malandro, no filme, não tira a mesa, pede para o amor alcançar mais uma cerveja, sai para jogar, sem dar satisfação. Vivi essa época em que ninguém usava cinto de segurança. Lógico que pegava em arma e dava uns tiros em terreno baldio (risos). Brinco até com meus filhos: ;O papai cresceu no Velho Oeste; (risos), quando eles se espantam com a lacuna da internet na minha juventude. Digo pra eles: era tudo mato (gargalhadas);, comenta.
Depois da entrada no cinema, com o documentário Motoboys ; Vida louca (2003), o cineasta entrou em campo com um filme sobre futebol O dia em que o Brasil esteve aqui (2004), em torno de amistoso entre a seleção nacional e jogadores haitianos. ;Lemos a notícia no jornal, entramos num avião e fomos parar em Porto Príncipe, sem não ter nem onde ficar. Passamos 15 dias lá para pegarmos a temperatura superlegal da loucura do que o Brasil estava fazendo lá, como Força de Paz. Também dirigi uma série Fdp para a HBO, sobre o dia a dia de um juiz de futebol;, destaca.