Diversão e Arte

Show "Universo Casuo" desembarca neste sábado na capital

Quem foi que disse que, para ter circo, é preciso enclausurar animais? Inspirado na versatilidade dos picadeiros, na precisão dos malabaristas e na alegria dos palhaços, o espetáculo promete impressionar e divertir os brasilienses

Jéssica Gotlib
postado em 10/09/2016 16:57

Quem foi que disse que, para ter circo, é preciso  enclausurar animais? Inspirado na versatilidade dos picadeiros, na precisão dos malabaristas e na alegria dos palhaços, o espetáculo promete impressionar e divertir os brasilienses

Inovação é o adjetivo utilizado para caracterizar uma atitude que rompe com padrões e cria modelos originais. Ele é bem parecido com outro, renovação, quando algo que estava se perdendo pelo tempo ganha vida nova. Os dois juntos descrevem o que a companhia canadense Cirque du Soleil fez com a arte e a vida dos integrantes de circo. Ela foi, se não a primeira, uma das primeiras trupes a apostar no talento humano e dispensar os desafios com animais ; que, muitas vezes, deixavam os bichos em condições cruéis. E foi depois de viajar o mundo pelos palcos da companhia, com o espetáculo Alegria, que Marcos Casuo ganhou experiência para fazer a própria revolução. É dele a ideia por trás de Universo Casuo, espetáculo que chega hoje para apresentação única no Distrito Federal.

Um mundo inteiro um pleno palco

À primeira vista, o roteiro parece simples. Entretanto, a história leva o protagonista a um verdadeiro desafio: em um universo paralelo, um personagem chamado Clown percebe que a Terra, o planeta azul, anda meio desbotada, ao contrário do astro multicolorido em que vive ; onde a língua oficial é um idioma para lá de diferente, chamado gramelô, e tudo que se imagina é possível.


Lá, há um portal que leva quem o atravessar direto à Terra. Munido de coragem, o palhaço Clown resolve fazer a travessia e, assim, trazer ao planeta azul sonhos e fantasias a fim de devolver todas as cores vibrantes a ele.


; O fato de utilizarmos o gramelô, uma linguagem distorcida, em grande parte da trama induz o espectador a se teletransportar ao nosso universo para conseguir decifrar os contos. Os problemas que Clown encontra na Terra são decorrentes da falta de tempo, de paciência, dos maus-tratos com a natureza e com os próprios seres humanos. A maioria das pessoas não mostram afeto com o próximo e tratam os sonhos como coisas distantes, explica Marcos Casuo.


Para ele, os indivíduos estão descrentes da magia, do amor, porque o cotidiano corrido e as responsabilidades do dia a dia fazem com que elas se afastem cada vez mais das coisas que fazem bem a cada um. Foi pensando em recuperar essa essência lúdica que ele criou o Universo Casuo.
; É um prato cheio para todos que gostam de boa música, personagens inusitados, efeitos luminosos boas gargalhadas e ótimas poesias, complementa.


As figuras do artista e da personagem, do mundo real e do roteiro, acabam se misturando em meio ao show. São tantas luzes, malabares, músicas, poesias e efeitos sonoros e luminosos; No fim, até mesmo os espectadores mais cinzas e desbotados, mais para baixo e carregados de tristeza, saem coloridos ; às vezes até vermelhos de rir ; e dispostos a contagiar o mundo ao redor.

Afinal, quem é esse palhaço?

O paulistano Marcos Casuo tem 42 anos e costuma dizer que é palhaço de nascença. Aos oito, desenvolveu gosto pela prática da expressão corporal quando fazia aulas de capoeira. Depois, ele estendeu a paixão ao teatro, à dança, às artes plásticas, ao breakdance e à ginástica olímpica. A vida nos picadeiros começou em 1991.


Na época, Marcos trabalhava em um posto de gasolina e vivia fazendo brincadeiras por lá, algumas pessoas até paravam para assistir aos malabares do frentista. Assim, ele acabou sendo descoberto pelo Grande Circo Popular do Brasil e começou a brilhar profissionalmente.


Nove anos depois, em 2000, Marcos fez um teste para o espetáculo Alegria do Circ du Soleil, no qual ficou por oito anos e ganhou notoriedade a ponto de ser o único brasileiro entre os protagonistas. Em 2008, ele resolveu voltar ao Brasil para tocar projetos beneficentes e criar a própria companhia, além de cuidar da avó idosa. No mesmo ano, ele começou o Universo Casuo, que ; de lá para cá ; passou por diversas cidades brasileiras e países da América Latina.


; Tudo foi consequência de uma trabalho bem-feito. Quando comecei com o Universo, meus amigos e familiares não acreditavam que pudesse dar certo. Ainda bem que me fiz de surdo, pois, se tivesse escutado a todos, talvez o projeto Universo Casuo estaria na gaveta até hoje. O circo é uma locomotiva desenfreada, movida por alegria e aplausos, combustível fundamental para nós artistas, que desempenhamos muitas vezes o papel do maquinista, conduzindo com grande responsabilidade essa fábrica de sonhos. Por onde passamos, deixamos um rastro colorido de esperança e harmonia. Com rapidez e força, o circo sempre ultrapassará as fronteiras da imaginação, do impossível, confortando e ensinando o povo a sonhar e a sorrir, completa Marcos.

Assista
Universo Casuo
Quando? Hoje, às 19h
Onde? Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no Eixo Monumental
Quanto? De R$ 60 a R$ 180 (meia).
Classificação livre. Mais informações: 9 84090198

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