Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Mulheres DJs brasilienses se firmam no mercado musical da cidade

Durante muito tempo, as picapes foram dominadas por DJs homens, mas essa prevalência não significa uma falta de mulheres na profissão


Durante muito tempo, as picapes foram dominadas por DJs homens. Ainda hoje, o cenário é mais conhecido por ser majoritariamente masculino. Basta, por exemplo, conferir a lista dos 100 melhores DJs divulgada pela DJ Mag no ano passado. Dos 100, apenas três são mulheres: o duo Nervo, das irmãs australianas Miriam e Olivia; a dupla Krewella, formada pelas americanas Jahan e Yasmine Yousaf; e a ucraniana Miss K8. Essa prevalência dos homens não significa uma falta de mulheres na profissão. ;Já tomamos uma posição bem forte. A mulher está muito presente, mas em desvantagem;, comenta a DJ Donna, um dos nomes mais relevantes da cena feminina brasiliense.

Quase como em resposta ao ranking da DJ Mag, o site Shejay, especializado em DJs mulheres, escolheu as 100 melhores do mundo, entre elas, sete são brasileiras: Mara Bruiser (SP), K-Milla (RJ), Ana, integrante do PETduo (SP); Ingrid Santos (SP), Denise Konzen (SP), Eli Iwasa (SP) e Mary Zander (RJ). Eli Iwasa esteve em Brasília no último dia 6 para participar da festa Mistura Fina %2b 5uinto, uma comemoração dos nove anos das duas baladas brasilienses. Além da paulista, a festa também contou com a DJ Mari Perrelli, que é destaque frequente no evento e, inclusive, uma das residentes do 5uinto ao lado de Komka.

Resistência feminina

No cenário do hip-hop, quem se destaca é a DJ Donna, que está no line-up do festival Satélite 061, que começa em 14 de setembro e segue até o dia 25. Ela estreou na carreira de DJ há 16 anos e aprendeu com o DJ Ocimar a manusear um toca discos. Inicialmente, ela tocava música eletrônica em festas como Love Parade e Fantasy. Hoje, Donna se dedica ao território do rap, com passagens por eventos como Latinidades e Makossa. ;Eu não via mulheres no cenário. Agora, vejo que mudou bastante. Até porque não tem mais essa repressão de que a mulher tinha antes, de que deveria ser extremamente profissional (muito mais do que um homem) para conseguir um espaço;, afirma a brasiliense.

Em agosto, Donna realizou um dos seus sonhos ao participar da festa Makossa, que teve uma pista dedicada às mulheres, sob o nome de As minas pá. ;Era algo que eu pedia há muito tempo aos meninos (Chicco Aquino e Leo Cinelli, produtores da festa). Na verdade, é algo que sempre peço a todos os produtores da cidade. Não acontece muito. No Satélite 061, que eu também faço a produção, tivemos oito DJs mulheres no ano passado e, neste ano, estamos trazendo seis;, explica. No line-up estão as DJs locais Janna e o projeto Duafe (DF), formado por Donna ao lado de Larissa Umaytá e Jocelene Gomes, e, ainda, as convidadas Tamy, do Rio de Janeiro, e Typá, de São Paulo.

Além de Donna e Janna, no hip-hop, e Mari Perrelli, na música eletrônica, atualmente, Brasília conta com coletivos de Djs, que também são produtoras, com representatividade na área do trap e da música pop com ANTD e New Chicks On The Block. ;Hoje em Brasília, já não é mais tão assustador. Tem várias meninas que estão articuladas. Mas o que vemos é que essas DJs também fazem as próprias festas para, de fato, poderem tocar. Isso não é único do DF, vejo isso até em São Paulo, onde já tem muita mulher no cenário e precisam fazer o próprio evento para ter mulheres DJs;, completa Donna.