Adriana Izel
postado em 11/09/2016 07:35
Durante muito tempo, as picapes foram dominadas por DJs homens. Ainda hoje, o cenário é mais conhecido por ser majoritariamente masculino. Basta, por exemplo, conferir a lista dos 100 melhores DJs divulgada pela DJ Mag no ano passado. Dos 100, apenas três são mulheres: o duo Nervo, das irmãs australianas Miriam e Olivia; a dupla Krewella, formada pelas americanas Jahan e Yasmine Yousaf; e a ucraniana Miss K8. Essa prevalência dos homens não significa uma falta de mulheres na profissão. ;Já tomamos uma posição bem forte. A mulher está muito presente, mas em desvantagem;, comenta a DJ Donna, um dos nomes mais relevantes da cena feminina brasiliense.
Quase como em resposta ao ranking da DJ Mag, o site Shejay, especializado em DJs mulheres, escolheu as 100 melhores do mundo, entre elas, sete são brasileiras: Mara Bruiser (SP), K-Milla (RJ), Ana, integrante do PETduo (SP); Ingrid Santos (SP), Denise Konzen (SP), Eli Iwasa (SP) e Mary Zander (RJ). Eli Iwasa esteve em Brasília no último dia 6 para participar da festa Mistura Fina %2b 5uinto, uma comemoração dos nove anos das duas baladas brasilienses. Além da paulista, a festa também contou com a DJ Mari Perrelli, que é destaque frequente no evento e, inclusive, uma das residentes do 5uinto ao lado de Komka.
Resistência feminina
No cenário do hip-hop, quem se destaca é a DJ Donna, que está no line-up do festival Satélite 061, que começa em 14 de setembro e segue até o dia 25. Ela estreou na carreira de DJ há 16 anos e aprendeu com o DJ Ocimar a manusear um toca discos. Inicialmente, ela tocava música eletrônica em festas como Love Parade e Fantasy. Hoje, Donna se dedica ao território do rap, com passagens por eventos como Latinidades e Makossa. ;Eu não via mulheres no cenário. Agora, vejo que mudou bastante. Até porque não tem mais essa repressão de que a mulher tinha antes, de que deveria ser extremamente profissional (muito mais do que um homem) para conseguir um espaço;, afirma a brasiliense.
Em agosto, Donna realizou um dos seus sonhos ao participar da festa Makossa, que teve uma pista dedicada às mulheres, sob o nome de As minas pá. ;Era algo que eu pedia há muito tempo aos meninos (Chicco Aquino e Leo Cinelli, produtores da festa). Na verdade, é algo que sempre peço a todos os produtores da cidade. Não acontece muito. No Satélite 061, que eu também faço a produção, tivemos oito DJs mulheres no ano passado e, neste ano, estamos trazendo seis;, explica. No line-up estão as DJs locais Janna e o projeto Duafe (DF), formado por Donna ao lado de Larissa Umaytá e Jocelene Gomes, e, ainda, as convidadas Tamy, do Rio de Janeiro, e Typá, de São Paulo.
Além de Donna e Janna, no hip-hop, e Mari Perrelli, na música eletrônica, atualmente, Brasília conta com coletivos de Djs, que também são produtoras, com representatividade na área do trap e da música pop com ANTD e New Chicks On The Block. ;Hoje em Brasília, já não é mais tão assustador. Tem várias meninas que estão articuladas. Mas o que vemos é que essas DJs também fazem as próprias festas para, de fato, poderem tocar. Isso não é único do DF, vejo isso até em São Paulo, onde já tem muita mulher no cenário e precisam fazer o próprio evento para ter mulheres DJs;, completa Donna.