Diversão e Arte

Ao ataque: Valesca Popozuda lança livro sobre feminismo e liberdade sexual

Em entrevista, funkeira diz que 'a intenção era de dizer para mim mesma e para os meus leitores que tudo, absolutamente tudo, passa'

Adriana Izel
postado em 13/09/2016 07:15

Funkeira revela detalhes da vida na obra 'Sou dessas - Pronta pro combate'

"Não sou covarde, já tô pronta pro combate", cantava a funkeira Valesca Popozuda em 2013 quando lançou o seu maior hit e divisor de águas em sua carreira, a canção Beijinho no ombro. A letra da música entoada pela loira já servia, naquela época, para defini-la e ainda nesse contexto também integra o título do primeiro livro da carioca, Sou dessas ; Pronta pro combate, lançado em agosto durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo e agora disponível nas lojas.

Em seu primeiro livro, Valesca escancara detalhes da sua vida, como a gravidez indesejada; o trabalho como frentista antes de se tornar cantora; a má relação com o pai; as polêmicas brigas com as ;mulheres-frutas; e as falsas rivalidades com artistas do funk como Naldo e Anitta. ;Quando mais gente levar o funk para a tevê, para as rádios, mais barreiras do preconceito serão quebradas;, afirma a artista em um dos capítulos da obra em que desmente os boatos de antagonismo entre os funkeiros.

Na obra, ela ainda revela sua história e sua opinião sobre temas bastante debatidos atualmente, como o mercado machista do funk, a liberdade sexual, relacionamentos abusivos e feminismo ; esse último tem sido um assunto constante na carreira da artista nos últimos anos, que, no início, evitava o rótulo: ;Hoje, o meu grande orgulho é ver que minhas músicas são uma espécie de norte para a nova mulher brasileira, aquela que busca sua autonomia e quer ter liberdade para se expressar, sem aceitar rótulos;.

Sou dessas
não é uma biografia, como se poderia esperar. A obra trata-se de um relato da artista, quase que como em um bate-papo com o leitor, em que ela relembra fatos de sua vida, com gírias, palavrões e tudo mais o que a língua falada permitir. ;É como se eu estivesse conversando com meus fãs, amigos, família. Sou eu, Valesca dos Santos dividindo parte da minha vida;, explica a cantora sobre o estilo do texto apresentado no livro. Ao Correio, Valesca falou do processo de criação do livro e sobre a carreira de funkeira, que, atualmente, precisa intercalar com a participação no quadro Dança dos famosos, do Domingão do Faustão.

ENTREVISTA / Valesca Popozuda

O que você levou em consideração na hora de escrever o livro Sou dessas? O que você quis transmitir para os leitores?
Minha principal preocupação era me divertir. Mesmo com os casos ruins que narro no livro, a intenção era de dizer para mim mesma e para os meus leitores que tudo, absolutamente tudo, passa. Portanto, tenhamos paciência e gratidão pela vida.

Foi difícil se expressar em formato de texto para um livro e não em música como você costuma fazer?
São formatos que, apesar de diferentes, são bem parecidos. Parece paradoxal, mas não é. É colocar a cabeça para pensar e ir adiante. Eu costumo fazer música, a literatura só veio para somar. Sou uma cantora que agora também se arrisca a escrever.

Já tem algum tempo que seu lado feminista tem sido mostrado para o público. O que você vê como mais importante no feminismo no mundo atual?

Nunca se deixar calar. Temos que mostrar que nossa principal arma é a voz.

Além do livro, quais são seus projetos atuais?
Estou finalizando minha nova música de trabalho, viajando o Brasil em turnê com meus shows e no elenco do Dança dos famosos do Faustão. E posso falar: quero mais.

No início você teve receio de cantar as músicas do grupo Gaiola das Popozudas? O que te fez mudar o conteúdo das suas músicas em sua carreira solo?
Nunca tive, sempre foi um orgulho e ainda é. Em meu show tem um bloco só com músicas da época da Gaiola. Não fui eu quem mudei o conteúdo, e sim o mercado que hoje é mais pop.

Você trata de feminismo, relacionamento abusivo, gravidez, assédio sexual, causas LGBT em seu livro. Como pessoa pública, para você qual é a importante de tratar desses assuntos em seu livro?
É sinalizar a população que as minorias precisam de respeito.

O livro leva o nome de uma das suasmúsicas mais famosas. Fazendo uma referência ao título, que tipo de ;sou dessas; você é?

Sou dessas que não leva desaforo pra casa e que não se cala diante de qualquer situação difícil. Eu me jogo.

SERVIÇO
Sou dessas ; Pronta pro combate
De Valesca Popozuda. Editora BestSeller/Grupo Editorial Record, 192 páginas. Preço médio: R$ 29,90.

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