Diversão e Arte

Exposição no Rio de Janeiro traz preciosidade de Di Cavalcanti

'A cor do Brasil' está em cartaz no Museu de Arte da capital fluminense

Severino Francisco
postado em 14/09/2016 07:31

Tela Samba mulatos de São Cristóvão, de Di Cavalcanti: autenticidade comprovada

A exposição A cor do Brasil, em cartaz no Museu de Arte do Rio de Janeiro, está mostrando uma preciosidade: a tela Samba mulatos de São Cristóvão, tela de grandes dimensões (158,5 x 195,5 cm), do pintor carioca Di Cavalcanti. A tela tematiza a folia momesca e as cenas cotidianas do morro. Ela pertence ao galerista uruguaio Martín Castillo, foi redescoberta recentemente e teve a autenticidade comprovada pela filha do pintor, Elisabeth Cavalcanti.

A história do percurso da tela compõe uma saga permeada de lances misteriosos. Em 1927, aos 27 anos de idade, Luis Quintanilla del Valle chegou ao Rio de Janeiro para ocupar o cargo de Secretário da Embaixada do México. Não era diplomata convencional; era um artista, um poeta e integrante de companhia de teatro experimental. Logo se enturmou com a intelectualidade carioca e estabeleceu laços de amizade com Alvaro Moreyra e Mario de Andrade.

Mas, quando conheceu a obra de Di Cavalcanti, ficou encantado com o lirismo popular do pintor carioca. Naquela época, na segunda metade da década de 1920, Di estava de retorno ao Brasil, depois de uma temporada pela França e pela Itália, que descortinou novos horizontes para a sua obra. Di afirma que depois de Paris e ele se tornou um homem civilizado e passou a valorizar o país, o povo e a cultura. A brasilidade aflora com uma intensidade ainda maior em suas telas.

Os jornais nada registraram sobre um possível encontro entre Quintanilla e Di Calvacanti. No entanto, o fato é que a tela Samba, também intitulada Mulatos de São Cristóvão ou carnaval, embarcou com o diplomata rumo ao México, onde permaneceu até o ano passado, com exceção de um pequeno período em que o mexicano morou na União Soviética. Quintanilla morreu em 1980.

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