Quando Álvaro Apocalypse, Terezinha Veloso e Maria Vivacqua Martins, a Madu, se aventuraram pela trilha do teatro de bonecos, mal sabiam o vasto mundo que começavam a desbravar. Era 1970 e a curiosidade do trio de artistas plásticos estava ancorada em uma pesquisa ainda bastante informal. Batizado de Giramundo, o grupo estreou em 1971 com o espetáculo A bela adormecida. Hoje, 45 anos e 37 montagens depois, o Giramundo é o grupo de teatro de bonecos mais longevo e importante do país, com uma trajetória que é contada em detalhes na exposição Mundo Giramundo.
Em cartaz na Caixa Cultural, a mostra reúne 150 bonecos utilizados em mais de 25 espetáculos e abre um calendário que terá duas apresentações, palestra e oficinas. ;É uma exposição bastante completa, inclusive com os primeiros bonecos produzidos pelo grupo;, avisa Ulisses Tavares, um dos três diretores da companhia ao lado de Beatriz Apocalypse, filha de Álvaro, e Marcos Malafaia. Álvaro e Terezinha morreram em 2003 e hoje o Giramundo é tocado por uma equipe de diretores.
Na exposição, o público poderá compreender o processo de produção da companhia e entender como o Giramundo vai além do teatro de bonecos como foco. O teatro é uma das áreas na qual o grupo atua, mas a pesquisa iniciada com Álvaro levou à diversificação das linguagens e dos palcos. ;A gente conseguiu outros tipos de experiências, outros públicos e outras parcerias;, explica o diretor. Há pouco mais de uma década, o Giramundo enveredou para a animação e para a música. ;Utilizamos os bonecos como veículos não para o teatro exclusivamente;, diz o diretor.
Em 2005, com Pinoccchio, a companhia passou a integrar o vídeo aos espetáculos. Desde então, as animações interagem com os personagens em vários momentos das apresentações. Alice no país das maravilhas, de 2013, tem música ao vivo graças a uma parceria com a banda Pato Fu. A vocalista Fernanda Takai canta em algumas apresentações. Alice está programado para Brasília, mas sem a presença do Pato Fu. Como parte do pacote de comemorações, haverá ainda sessões de Pedro e o lobo, espetáculo baseado em música de Serguei Prokofiev que já foi apresentado mais de 2 mil vezes.
O mundo da animação também ganhou corpo em produções especiais. É o caso de Oito metas do milênio, produzida para uma campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o Canal Futura. Erradicação da fome e de doenças, melhoria da saúde materna e diminuição da mortalidade infantil são alguns dos temas abordados na produção. No palco, a dinâmica do Giramundo combina atores, bonecos e cenários sofisticados produzidos na oficina na sede do grupo, em Belo Horizonte. A quantidade de bonecos por espetáculo varia de acordo com o número de personagens. Em Pedro e o lobo, por exemplo, são apenas sete, enquanto Alice no país das maravilhas tem pelo menos 50. Cobra norato (1979), o espetáculo mais premiado do grupo, conta com um total de 87 itens manipuláveis. É um elenco de respeito, mas que não chega nem a 10% do total de 1.500 peças que formam o acervo da companhia guardado em um galpão em Belo Horizonte.
Programação
Mundo Giramundo
Exposição de bonecos e objetos do grupo. Visitação até 27 de novembro, de terça domingo, das 9h às 21h, na Galeria Principal da Caixa Cultural.
Caleidoscópio giramundo
Palestra com Beatriz apocalyse e Ulisses Tavares. Hoje, às 19h, no Teatro da Caixa Cultural. Entrada franca
Pedro e o Lobro (1993)
Espetáculo do Giramundo. 4, 5 e 6 de outubro, às 19h, no Teatro da Caixa Cultural (SBS Quadra 4 Lotes 3 e 4 - Edifício anexo à matriz da Caixa). Ingressos: R$20 e R$10 (meia). Classificação indicativa: Livre
Alice no Pais das Maravilhas (2013)
Espetáculo do Giramundo. 7 de outubro, às 19h; e 8 e 9 de outubro, às 16h, no Teatro da Caixa Cultural (SBS Quadra 4 Lotes 3 e 4 - Edifício anexo à matriz da Caixa). Ingressos: R$20 e R$10 (meia). Classificação indicativa: Livre
Oficina de treinamento de manipulação para marionetistas
24 de novembro, das 9h às 12h e das 14h às 18h, no Teatro da Caixa Cultural Entrada franca
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