O premiado grupo brasiliense Teatro do Concreto já é conhecido pelo público da cidade por suas características inventivas em seus espetáculos, principalmente a preferência por apresentar-se em lugares inusitados e fora do palco convencional. O grupo vai levar a cultura cênica criada em solo candango para seis outras cidades ao redor do país, entre elas, Planaltina (ainda dentro do Distrito Federal), Anápolis (Goiás), Rio de Janeiro, Paraty, Belo Horizonte e Ouro Preto. O espetáculo escolhido é Entrepartidas, resultado de dois anos de pesquisa sobre o tema amor e abandono na sociedade contemporânea. O grupo tem por base aliar pesquisa artística com iniciativas de ampliação do diálogo com a sociedade, colocando-se como um dos protagonistas na cena contemporânea da capital.
O diretor do grupo e da peça Entrepartidas, Francis Wilker, conta que desde o início a companhia se interessa pela relação com as potências de espaços não convencionais de apresentação. ;Cada espaço tem uma gramática própria, memórias e pode construir muitas possibilidades de discurso e sentido para a cena. Além disso, uma oportunidade de propor aos espectadores outras formas de vivenciar a cena e a cidade;, afirma Wilker. Ao longo do processo de criação, o grupo tem por costume experimentar diálogos com o espaço que se conectem com o tema de pesquisa e a encenação se aprofunda a partir do discurso criado com este trabalho. ;No caso de Entrepartidas interessava dialogar com espaços públicos e privados, além, da noção de trânsito, movimento. Por isso fazemos em um ônibus, uma praça e uma casa;, conta o diretor.
Francis conta que o espetáculo trabalha com afetos e proximidade, fazendo ao público um convite para olhar as ruas de dentro e enxergar a poesia da vida. ;As pessoas se envolvem muito e embarcam na viagem. Acho que falar de amor, das relações afetivas é um tema ancestral e imortal. Então, mobiliza muito, não fica velho e nem ultrapassado porque encontra ressonância no corpo e memória dos espectadores;, declara Francis.
Experimentações
O espetáculo teve sua primeira estreia em 2010 e o processo se iniciou ainda em 2007. Ao longos destes anos, o grupo realizou diversas experimentações em diferentes espaços de Brasília: nas ruas, Conic, rodoviária, cemitério. O diretor conta que interessava ao grupo as muitas portas de entrada para tatear o tema do amor e abandono. Paralelamente a isso, muitas improvisações, propostas de dramaturgia e testes de percursos foram feitos até alcançar o resultado atual. ;A cada nova cidade são outros espaços, outro trânsito e o trabalho do grupo sempre se redimensiona;, declara.
A atriz Maria Carolina Machado entrou para o Concreto em 2003 e foi lá a sua primeira experiência com o teatro. ;Lá, foi a minha escola, o grupo tem muita pesquisa teórica e prática, processos longos e intensos, foi um aprendizado muito rico para construir a minha base de atuação;. A atriz lembra que o processo de criação depende muito do corpo que se quer criar para aquele determinado personagem e, em Entrepartidas, o foco é a rua, o trabalho de composição com os ambientes da rua e como se fazer teatro neste espaço sem precisar competir com os elementos presentes. ;Nesse processo, a gente leu muitos textos do Caio Fernando de Abreu, fizemos muitas performances e intervenções cênicas na rua antes de iniciar o espetáculo. Durante todo o processo fizemos vários exercícios na rua para nos adaptarmos a essa organização;, afirma Maria Carolina.
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