Breno Pessoa
postado em 30/09/2016 10:10

A morte do ator Domingos Montagner, em 15 de setembro, período das gravações finais de Velho Chico, vai deixar a novela marcada na história da teledramaturgia brasileira. Mas, apesar da inevitável lembrança por conta da tragédia, a produção, que se encerra nesta sexta-feira (30/9), tem muitos outros motivos para ficar na memória dos espectadores.
[SAIBAMAIS]Desde a estreia, em março deste ano, a produção se destacou pelo elevado a puro estético, com direção, de Luiz Fernando Carvalho, na maior parte do tempo bastante acertada e fotografia irretocável. Uma produção bonita de se ver, em síntese, marcada pelos contrastes entre a beleza e a aridez do sertão. O elenco, outro ponto forte, teve equilíbrio e coesão: protagonistas e personagens secundários mostraram entrosamento e ofereceram atuações memoráveis. Essa sintonia entre atores tornou-se ainda mais perceptível após a morte de Montagner, quando a triste realidade acabou tocando também a ficção e ficou difícil dissociar a emoção da atuação dos sentimentos de quem lida com a ausência do colega.
A perda acabou por atingir a condução da trama na reta final, mas o esperado casamento entre Santo e Tereza será concretizado. A segunda fase da novela já carregava tons mais sérios e o acidente fez a narrativa pender para a melancolia. Mas em lugar de ceder lugar para o sombrio, elenco, autores e equipe técnica mostraram sensibilidade ao buscar soluções para suprir a falta de Montagner.
. Colocar o telespectador para acompanhar cenas sob o ponto de vista do protagonista ressaltou ainda mais a carga dramática. Uma despedida digna e emotiva.