Diversão e Arte

Gente da cidade: Conheça o músico da Ceilândia Sérgio Pereira

Com 32 anos de carreira, o músico baiano gravou sete discos, virou personagem de curta baseado em uma composição sua e lança o sétimo álbum

Alexandre de Paula
postado em 01/10/2016 07:35

O cantor já passou pelo rock e pelo pop e misturou os dois estilos ao reggae

É possível que você nunca tenha ouvido falar em Sérgio Pereira. O músico baiano, radicado em Ceilândia, é mais um daqueles casos de gente que carrega a história da cultura no Distrito Federal e nem sempre é tão lembrado. Com 32 anos na estrada, Sérgio já compôs mais de 100 músicas, gravou cerca de 70 delas em discos, virou personagem de um curta baseado em composição sua e lança agora o sétimo álbum Reggae e canções.

Apesar de ter nascido em Riachão das Neves, na Bahia, Sérgio se considera um sujeito do DF. ;Eu fiquei só três anos lá e depois já vim para cá;, lembra. Aqui, ele morou primeiro em Taguatinga Sul, mas sua casa mesmo foi a Ceilândia, de onde não saiu desde 1977.

;Ficamos de novo um tempinho muito pequeno lá na Bahia, em 1976, e depois voltamos;, conta. Apesar de rápida, essa outra passagem pelo estado foi fundamental para que a música entrasse de fato na vida. O pai tinha uma danceteria (meio bar, meio lanchonete) e todos os ritmos da música brasileira da época chegavam lá. ;Eu ouvia aquilo tudo, além disso meu avô paterno e tios da minha mãe eram músicos, a música veio de sangue;, acredita.

O começo foi cedo, quando ele estava ainda na quinta ou sexta série na escola (a memória já não consegue precisar). A banda tocava brega, num estilo que ia a algo próximo de Odair José e Amado Batista. ;Um senhor era quem liderava a banda. Daí, comecei como baterista. Só que ficamos dois anos tocando as coisas dele, mas depois a gente já fazia uma coisa mais nossa, meio 14 Bis (banda mineira) e fomos também para o rock dos anos 1980;, recorda.

Depois da bateria, veio o baixo. Com ele, ficou até o começo da década de 1990, quando deixou as bandas e partiu para a carreira solo. ;Depois que eu passei para o trabalho solo, eu ainda tocava contrabaixo, eu cantava no estilo meio Paulo Ricardo, sabe?;, conta. ;Mas eu sentia necessidade de parar com o baixo, porque fui para o reggae e para tocar aquelas levadas cantando era osso. Aí ,optei pelo violão e guitarra;, explica.

Com 32 anos de carreira, o músico baiano gravou sete discos, virou personagem de curta baseado em uma composição sua e lança o sétimo álbum
Do rock ao reggae
Mesmo que as grandes influências sejam Zé Ramalho, Raul Seixas, Alceu Valença e Gilberto Gil, Sérgio Pereira passou muito tempo, principalmente na década de 1980, dedicado ao rock. O cantor, porém, queria tocar reggae e enfrentava resistência nas bandas que passou. ;Não sou um roqueiro nato nem um reggeiro nato, eu misturo o reggae ao rock. Isso foi um dos fatores que me fez optar pelo trabalho solo, aí nada me impedia de misturar tudo.;

Com a transição, o visual e as letras também mudaram. As roupas pretas e rasgadas foram trocadas por camisas coloridas e a dureza das palavras de protesto deram espaço a imagens mais poéticas e jogos de palavra. ;Quando eu aderi ao trabalho solo, pensei: ;Vou alegrar isso; e adotei as roupas cheias de cores. Nas letras, a gente, no rock, tinha muita vontade de mudar o mundo com o que cantava, depois vi que dava para buscar outras formas;, explica.

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Filme
Em 2006, Sérgio recebeu uma ligação da equipe da UnB TV. ;Queremos fazer um filme com você.; Ele topou. Califórnia e Hawai, canção que deu origem ao curta, foi feita a partir de um refrão que ele criou e não saía da cabeça do filho pequeno. ;Eu tinha o refrão da música e meu filho ficava cantando, um dia meu sobrinho cantou com uma levada diferente e eu pensei: ;Vou terminar isso que vai ficar legal;. E agradou todo mundo;, relembra.

As aventuras de Pereirinha virou clipe/filme com influência no trash dos anos 1980 e Sérgio é o protagonista, contracenando ao lado de atores como Andrade Jr. e do rapper Jamaica. ;Eu fiquei feliz demais. Até porque eu tenho essa influência também, curtia muito tudo isso, essas séries e filmes, e quando tinha uma trilha sonora deles marcava muito.;

Com 32 anos de carreira, o músico baiano gravou sete discos, virou personagem de curta baseado em uma composição sua e lança o sétimo álbum

Reggae e canções
Sérgio Pereira. 10 faixas. Independente.

Disponível para download em https://goo.gl/tldBH5

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