O novo livro do escritor gaúcho radicado em Brasília Jéferson Assumção, Notas sobre Turibio Núñez, escritor caído (BesouroBox, 2016), explicita a relação fundamental que está na base de toda produção artística, isto é, a constante negociação entre forma e conteúdo. Afinal, a literatura não é mera cópia da realidade, mas uma representação que implica escolhas conscientes e significativas a fim de articular essas duas dimensões.
É possível apontar a incerteza como tema principal da obra. Uma vez desfeitas as totalidades desde o céu de Galileu até o corpo transgênero, conquanto existam inúmeras disputas interpretativas acerca da contemporaneidade (pós-modernidade, ultramodernidade, modernidade líquida e assim por diante), é uníssona a constatação de que vivemos um momento de intensa efemeridade e fragmentação, consequentemente marcado pela incerteza.
Mas o livro não aborda o tema de maneira discursiva, lógica e horizontal. Antes, transpõe para a forma a matéria do conteúdo.
A forma do livro assume a incerteza de que trata. Os 16 capítulos narram histórias que não têm relação direta senão pela presença (quase nunca significativa) de Turibio Núñez, filósofo e escritor argentino de vida múltipla. Trata-se de um romance ou contos? Sobrepõe-se a essa crise classificatória outra dimensão. Tanto o prólogo do escritor Tabajara Ruas quanto o epílogo, presumivelmente redigida por Jéferson Assumção, sugerem não apenas que Turibio Núñez é uma figura real, mas também que foi o próprio argentino quem redigiu as dezesseis notas. Trata-se de uma ficção metalinguística ou relatos reais?
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Notas sobre Turibio Núñez, escritor caído
Jéferson Assumção; 264 páginas/Editora BesouroBox (Edição bilíngue); Ano: 2016