postado em 04/10/2016 07:30
Um dos mais inventivos fotógrafos de Brasília, Diego Bresani encara a segunda exposição individual, na Galeria Athos Bulcão. Respiro reúne 180 retratos que compõem um grande mosaico representativo da obra de Bresani, que acabou por se revelar um notável retratista. Um recorte dos últimos 10 anos de trabalho, com a cuidadosa curadoria de Matias Monteiro.
Entre os fotografados, figuras recorrentes e queridas da cultura local, como Juliano Cazarré e Hugo Rodas; nomes das mais diversas áreas, a exemplo de Erasmo Carlos e do colega de profissão (e cânone) Sebastião Salgado; e até desafetos políticos, como ilustram os retratos de Jean Wyllys e Jair Bolsonaro.
Mas não foram apenas figuras públicas que se colocaram sob as lentes do artista. São muitas as imagens de anônimos, e talvez sejam elas as grandes testemunhas da sensibilidade de Diego Bresani, que capta detalhes de cada um desses rostos. Uma sobrancelha suspeita, um canto de boca sugestivo, um olhar subversivo revelam figuras com as quais seria impossível não nos identificarmos.
De alguma forma, percorrer cada um dos retratos da exposição acaba por nos convidar a perceber nossas próprias posturas e expressões. Há sorrisos e semblantes ali que nos pedem uma reação.
Histórico
Cria do mundo cênico, Bresani flertou com o teatro e experimentou o palco algumas vezes, mas acabou, eventualmente, recorrendo aos bastidores. Os dedos inquietos optaram pelas câmeras, que o acompanham desde a infância. Uma herança afetiva. O teatro, no entanto, não ficou de lado. Uma parte significativa dos espetáculos locais pede os cliques de Bresani quando pensam em divulgação.
Quem também não hesita em convocá-lo são artistas da música brasiliense. Móveis Coloniais de Acaju e Ellen Oléria, entre tantos outros, usufruíram do colorido de Bresani. Logo, ele estava por toda parte. Nas capas de revistas, nas capas dos discos e nas capas dos jornais, quando era ele o objeto de repercussão.
Ainda assim, no auge da carreira e requisitado por todos os lados, ele resolveu largar tudo e partir para um ano sabático na França, devidamente aproveitado e concluído. Lá, fotografou analogicamente e repensou os propósitos de sua arte fotográfica, mas sem jamais questionar algumas premissas, como aquela que diz que cada linha de nosso rosto conta uma história. E Bresani estará lá para registrá-la.
Serviço:
Respiro
De Diego Bresani. Na Galeria Athos Bulcão (anexo do Teatro Nacional). Até 16 de outubro. De terça a sábado, das 12h às 19h. Domingos, das 12h às 17h. Entrada franca. Classificação livre.