Diversão e Arte

Artistas brasilienses apostam em clipes para conquistar público

Com as mudanças na indústria fonográfica e a força da internet, os videoclipes voltam a ter repercussão entre os artistas

Adriana Izel
postado em 06/10/2016 07:30
Com as mudanças na indústria fonográfica e a força da internet, os videoclipes voltam a ter repercussão entre os artistas
Os videoclipes viveram o auge nos anos 1990 até o início dos anos 2000. No Brasil, o segmento estava muito ligado ao sucesso da emissora MTV, que dedicava a programação a exibição de vídeos de músicas de artistas nacionais e internacionais. Depois, com a ascensão das plataformas de vídeos na internet, a tendência voltou a ter repercussão entre os artistas.

Em Brasília, os principais músicos e bandas têm utilizado os vídeos para levar seus trabalhos além da capital federal. Alguns ainda apostam em produções feitas por profissionais de fora, porém já existe uma tendência entre os brasilienses de valorizar o trabalho local, que, ao longo dos anos, também se profissionalizou no mercado audiovisual.

O grupo Joe Silhueta, formado por Guilherme Cobelo (voz e violão), Kelton Gomes (baixo e voz), Gaivota Neves (voz), Carlos Beleza (guitarra), Tarso Jones (teclado), Márlon Tudgual (bateria), Lucas Sombrio (sanfona e clarineta) e Thiago Delimacruz (percussão), é um exemplo de banda que faz vídeos 100% brasilienses. Um dos mais recentes clipes do grupo, Não ligue o rádio, teve produção local ; foi realizado pelo cineasta André Miranda, que já trabalhou com a banda Sexy Fi, e produzido por Tâmara Habka. Para Guilherme Cobelo, o clipe é uma forma de atingir o público de maneira mais orgânica. ;Hoje em dia, a música chega muito por meio vídeo. Ele é de mais fácil assimilação e também tem muita gente que escuta música pelos players de vídeo, como o YouTube. Tem essa junção de fatores;, analisa o músico.

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Marcelo Barbosa, mais conhecido pelo trabalho como guitarrista da banda Angra, usou o lançamento de clipes como forma de investir em sua carreira solo. Dancing heart é o segundo vídeo da carreira e é um dos singles do novo álbum. ;Com acesso à tecnologia de ponta, os clipes ficaram mais baratos. Para fazer um vídeo de qualidade, não é mais preciso um investimento milionário de uma gravadora. Tem muita gente boa fazendo clipe com um custo possível de se pagar;, analisa.

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O guitarrista também aponta a diminuição da venda de CDs e o crescimento das plataformas digitais como fatores a favor dos clipes. ;Acaba sendo um chamariz para os artistas. Em pouco tempo com Dancing heart, tive quase 40 mil visualizações;, revela. A produção foi feita no Vale do Paranã (GO), localizado a 87 km de Brasília. A direção ficou por conta do produtor cinematográfico Caio Cartonesi, da Procyon Films. ;Brasília e os outros lugares de maneira geral têm feito clipes de alta qualidade. Há equipamentos e também produtores de alto nível;, completa.

Durante passagem pela Bahia em turnê, o grupo Surf Sessions esteve o tempo todo acompanhado de profissionais das produtoras de vídeo Zion Multimídia e BSB Radical. Em visita a Barra de Serinhaém (BA), o quinteto, composto por Rafael Monte Rosa (guitarra e voz), Renato Azambuja (percussão e voz), Felipe Bittencourt (violão e voz), Júnior Fernandes (bateria) e Jorge Bittar (teclado), percebeu um cenário propício para um novo clipe. Assim, surgiu o vídeo cover das faixas Aint; no sunshine e No more trouble, sucessos na voz de Bob Marley. ;Estávamos com uma equipe de filmagem a postos, então, unimos o útil ao agradável. Tinha essa praia deserta com uma casa abandonada e achamos que poderia ser um ambiente legal;, lembra Azambuja.

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O vídeo mostra um outro aspecto do lado praieiro da banda, mas mantendo o estilo do grupo voltado para a natureza, praia, saúde e bem-estar. ;O clipe acompanha um pouco dessa ideia. Acho que a tendência do clipe está ligada a cultura do single. Os artistas estão preocupados em reduzir os materiais de lançamento e tratá-los com mais evidência. Hoje se lança um disco com cinco faixas e todos os webclipes. Não existe mais só áudio como material;, explica o cantor.

Apoio de fora

Queridinha da cena roqueira brasiliense, a banda Dona Cislene sempre investiu em clipes. No mais recente, Multipersona, o grupo ousou mais. A superprodução foi feita por uma equipe de São Paulo encabeçada pelo produtor Luringa, envolvido com o cenário do rock nacional, em que o quarteto faz uma paródia dos programas de auditório da televisão. ;Dessa vez, a gente não queria fazer nada vinculado à ideia de música e sim mostrar esse lado engraçado da Dona Cislene;, conta o guitarrista Guilherme de Bem, que dividiu o grupo com Bruno Alpino (voz e guitarra), Pedro Piauí (baixo) e Paulo Sampaio (bateria).

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Apesar de a produção por trás do vídeo ser paulista, a captação das imagens foi feita toda em Brasília no palco do Teatro dos Bancários, na Asa Sul. Ao todo foram 12 horas de gravação acompanhadas por fãs da banda. ;Foi um vídeo feito como uma espécie de despedida de Brasília, pois estamos morando em São Paulo;, conta. A faixa faz parte do próximo álbum, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2017.

O sertanejo Wagner Simão é outro artista que escolheu o clipe para mostrar um outro direcionamento na carreira. Com 3 dias, canção produzida pelo cearense Emanuel Dias, o cantor revelou a nova faceta da carreira, em que mistura sertanejo com toques de forró. ;Cada música tem uma repercussão diferente em cada meio. Tio Patinhas, por exemplo, bombou na internet. E 3 dias já é mais radiofônica e está bombando na web, com mais de 40 mil visualizações;, comenta.

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O vídeo teve produção de Rafael Terra, da Terra Produções ; empresa de Goiânia que produz vídeos de artistas da música sertaneja, como Gusttavo Lima e a dupla Kleo Dibah & Rafael ; com locação em Brasília e com atores da cidade. ;O clipe é uma forma do público conhecer de fato o artista. Muitas vezes as pessoas escutam a música, mas não sabem quem canta e quem é o cantor. Com o clipe, há essa aproximação;, afirma.

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